segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A inegável realidade da fantasia

O já conhecido amigo oculto dos finais de ano. Já participei de vários. Na infância passei pela decepção de levar meu presente comprado e embrulado com extremo zelo, para descobrir que o meu amigo oculto simplesmente não fora... Depois, sofri a vergonha de me esquecer completamente de comprar o presente de meu amigo. Porém, a maioria das lembranças é boa. São momentos divertidos, são presentes completamente inesperados, são palavras de um carinho gostoso de ser recebido e que normalmente não temos a oportunidade de ouvir.

Este ano, tive a oportunidade de sugerir o que queria ganhar. Há muito desejava uma pontinha de fantasia habilmente construída, que encanta a alma, batizada de "O Pequeno Príncipe". Pedi que, se possível, meu amigo oculto me atendesse este desejo. Fiquei feliz quando recebi o pacote que trazia a narrativa.

Esta história é simplesmente renovadora. Se você ainda não leu, mais do que um conselho, eu faço um apelo: leia. Eu já o fiz várias vezes, e sempre encontro um novo pensamento, uma nova forma de entender o mundo, de olhar para as pessoas. Nunca vi uma definição do que seja cativar que apresentasse tanta verdade e tanta poesia juntas. E jamais encontrei uma descrição mais clara dos meus sonhos de criança do que quando Saint Exuperi apresenta a incompreensão dos adultos diante dos desenhos de seu personagem.

E aí temos a inutilidade de certos trabalhos, a futilidade de alguns empreendimentos e o valor incomensurável dos relacionamentos. O Pequeno Príncipe é um tesouro sobre o qual devíamos nos dar o privilégio de debruçar de tempos em tempos. E junto no mesmo baú de valiosas pérolas de sabedoria, podíamos bem colocar outros romances, contos e poemas.

Quando lemos um conto, uma história, usando a imaginação construímos um mundo todo. Imaginamos os cenários, os rostos, as vozes, o movimento. É como se estivéssemos num plano superior, observando a vida dos personagens, tendo o poder de enxergar nas entrelinhas. O autor nos dá a possibilidade de ler pensamentos, de ver detalhes nos olhares, os sorrisos de canto de boca, o coração acelerado em certos momentos. Como observadores privilegiados, sabemos as intenções dos personagens, seus medos, anseios, desejos, sonhos e a sinceridade de seus ideias ou a falsidade de suas palavras.

Em alguns momentos chegamos a nos afligir por não poder interferir nas história, por não poder gritar aos personagens um aviso do tipo "não confie nele" ou "afaste-se daí". Em outros momentos, nos vemos tão perfeitamente retratados nas escolhas, situações e erros cometidos que é quase impossível não julgar que o autor escreveu pensando em nossas vidas.

É aqui que está a inegável realidade da fantasia. Ler boas histórias não é só passatempo fútil. Se você for um leitor atento, aprenderá frases que podem trazer alívio a dor de queridos, bem como algumas outras que podem ser verdadeiras alavancas de motivação nos momentos de desânimo. Se for um leitor atencioso, vai descobrir formas de se comportar melhor, de ter mais coragem, de ter mais afeto ou mesmo mais firmeza.

É aqui que está a inegável realidade da fantasia. Não julgue que só a informação precisa e factual é valiosa. Muitas vezes a verdade que mais precisamos está colocada numa fábula mais do que em listas de dados obtidos em pesquisas ou em estatísticas construídas com questinários. Sensibilidade é a chave de que você precisa para aprender destas fontes fantásticas.

Jesus Cristo usou histórias, contou parábolas e conseguiu aplicar ao coração de milhões a maravilhosa realidade do amor. Ele veio fazer uma revolução no coração dos homens, e soube como fazer isso usando a inegável realidade que havia no que todos consideravam sonhos deslumbrados de um caminhante errante. Em cada parábola os seguidores do Cristo se viam retratados. Em cada conto, em cada personagem e em cada situação vivida era possível a eles (e a nós hoje, se quisermos) identificar a realidade de suas vidas e toda a possibilidade de mudar.

Queria que você olhasse os contos, as fábulas, as histórias com outros olhos. Procure bons livros, e use seu potencial imaginativo. Dê cores às plantas, dê sons, vozes e movimentos aos personagens. Leia os sentimentos, conheça os corações e sinta a INEGÁVEL REALIDADE DA FANTASIA dando novos rumos aos seus pensamentos. Espero que isso o ajude a encarar seu mundo, seus desafios e seus relacionamentos DE UMA OUTRA FORMA. Pense nisto.

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