terça-feira, 8 de março de 2011

Vigilantes do Peso



Em maio de 1997 fiz minha inscrição no grupo Vigilantes do Peso. Na época eu pesava bem mais do que deveria com meus 1,72 de altura e com 25 anos de idade. O peso me incomodava, a forma me incomodava... Quatro meses depois eu já havia emagrecido 20 quilos. Cheguei a incrivel marca (para mim era realmente incrível) de 67 quilos. Ganhei uma medalha, um chaveiro, aplausos... Estava livre do peso!!!
Bom, mas ainda hoje luto contra o peso. Ele vai e volta. Na realidade, a verdadeira luta não é contra os quilos que se acumulam a cada visita à balança. A luta verdadeira é contra o hábito. Luto contra a estabilidade, contra fazer as mesmas coisas que sempre faço. Se não mudar, vou viver um eterno efeito sanfona: esticando e encolhendo...
Nos Vigilantes, todas as semanas ouvíamos palestras de motivação. Devo reconhecer que nossa orientadora, Andrea Fafinni, era muito inspirada. Ela mesmo vivenciou uma batalha contra a balança. Mas me lembro de uma palestra, em especial, onde ela disse que comíamos pra nos livrar das tristezas, das frustrações. Naquele dia, discordei. Eu comia porque gostava de comer. Se alegre, comia para festejar. Se ganhava, comia pra comemorar. Se estava intediado, comia para matar tempo. Se estava triste, comia pra me alegra. Se estava derrotado ou magoado, comia pra esquecer. E se estava com fome, aí é que comia mesmo! Tudo era motivo pra comer...
Você, por acaso, insiste em fazer algumas coisas que sabe que produzem resultados ruins? Alimentamos nossa mente com alguns pensamentos que só fazem aumentar o peso, não é mesmo? Em alguns momentos chego a pensar que gosto de estar infeliz. Se você, algumas vezes, pensa como eu, se entrega a pensamentos derrotistas também. O problema é quando começamos a ter estes pensamentos continuamente. Não apenas quando somos derrotados, e não somente quando estamos frustrados. Se ganhamos, achamos que foi sorte. Se estamos felizes, pensamos que vai durar pouco. Se estamos com amigos, achamos que eles não nos conhecem de verdade. Se pensamos no que não realizamos, pensamos que somos mesmo fadados a não realizar... Tudo é motivo para aumentar o peso. É um hábito.
E é um hábito mortal. Aprendemos o tempo todo que devemos ser felizes, que devemos pensar positivamente, e sempre ouvimos discursos motivadores. Alimentamos esperança e fazemos comparações com outros, pensando que se eles conseguem nós também conseguiremos. Mas sempre existe um porém... Sempre existe uma área onde não conseguimos nos sentir plenos. Ainda nos valendo da metáfora com os Vigilantes do Peso, sempre aparece um bom pedaço de torta na geladeira, um cheiro irresistível de churrasco, uma sobremesa que alguém insiste em oferecer... Tentações que atiçam o nosso "gostar" de lamentar e lamuriar...
Pensando DE UMA OUTRA FORMA, é preciso parar de gostar daquilo que nos faz mal. E porque o mal parece tão fascinante? Porque parece tão necessário? Talvez nos sentir mal nos torne mais leves. Talvez nos sentir mal nos faça descansar da luta constante que o sucesso exige. Talvez admitir que somos patéticos, incapazes, errados e debilitados faça com que outros olhem pra nós com mais simpatia... Talvez nós gostemos de nos sentir assim...
Uma das frases que eu mais gostava nas palestras da Andrea, minha orientadora dos Vigilantes, está até hoje na minha memória. Tento aplicá-la todos os dias, em muitas situações. Ela não é uma frase mágica que me garante o sucesso e que me livra de momentos ruins e situações de tristeza, mas serve bem para orientar os pensamentos. Esta frase está intimamente ligada ao programa dos Vigilantes do Peso, mas serve pra todos os outros tipos de peso que carregamos na vida, na alma e no coração. Andrea dizia, pra todos nós, que "O PREÇO DO SUCESSO É A ETERNA VIGILÂNCIA".
Vigiai e orai... Jesus também nos aconselha o mesmo na Bíblia. Talvez devessemos seguir estes conselhos, pra aliviar nossa vida dos pesos desnecessários que nos incapacitam e nos deixam acostumados e acomodados a infelicidade. Pense nisto.

sábado, 5 de março de 2011

POR UM FIO



Em minha biblioteca há um livro que preciso recomendar. Um psicólogo chamado Stanley Rosner juntou forças com a escritora Patricia Hermes para tentar responder a uma pergunta muito interessante: "por que repetimos atitudes que destroem nossos relacionamentos e nos fazem sofrer?"
Além do tema, me interessou também a parceria de um psicólogo, que pelo que pude descobrir, na época da publicação do livro tinha 80 anos de idade e mais de 40 anos de experiência com uma autora que escreveu mais de 40 romances para o público jovem. O que uma dupla como esta poderia produzir?
A bibliografia pouco extensa no final do livro me faz pensar que há muito mais de vivência dos autores nos oito capítulos do que resultado de estudos e pesquisas... e por isso gostei do livro. Ele me fez pensar DE UMA OUTRA FORMA sobre algumas de minhas atitudes, e em especial em uma certa atitude que me persegue desde que comecei a ter oportunidade de trabalhar com palestras voltadas para o desenvolvimento, para a emancipação e crescimento pessoal, e que quero compartilhar com você logo em seguida.
Embora o conteúdo do livro "O ciclo da auto-sabotagem"de Stanley e Patricia não seja inédito e nem super inovador, penso que o bom fruto deste trabalho a quatro mãos tenha sido o fato de que a experiência de trabalho e de vida do Sr. Stanley tenha sido traduzida numa linguagem bem direta e gostosa, própria de quem aprendeu a escrever para jovens, como o caso da Sra. Patricia, que tanto sabe fazê-lo que ganhou vários prêmios por seus livros.
Dentre muitos, há um trecho do livro que me fez pensar sobre a tal atitude, repetida por mim e talvez por você também, que tem contribuido para diminuir muito meu potencial de inovação e realização. Os autores dizem o seguinte:
"... a necessidade de segurança e de dependência superam a liberdade de explorar, e nós acabamos sufocando, e até destruindo, os desejos criativos, a fantasia, a criança dentro de nós. Buscamos fontes que satisfaçam nossa necessidade de dependência e segurança, sacrificando a criança curiosa e imaginativa." (pág. 46)
Embora eu seja defensor e por vezes promotor de um nível de dependência sadio, levando em consideração relacionamentos ricos, com mentores, professores, pessoas inspiradoras e dignas de admiração, que nos façam crescer, preciso adimitir que as vezes minha atitude contraria a teoria que prego, e me faz sacrificar meu lado mais sonhador. Confesso também que já enterrei muitos sonhos em favor de um sentimento de insegurança.
Na verdade, repetimos esta atitude durante boa parte da vida. Quando conseguimos escapar dela, damos alguns saltos de crescimento, de conquista, de realização, e depois respiramos fundo e pensamos "desta vez tive sorte, mas é melhor tomar cuidado da próxima vez". Consideramos sorte o resultado de nossa vontade, de nosso potencial, de nosso preparo, de nosso trabalho, de nossos sonhos e curiosidade, de nosso desejo de fazer mais e melhor...
Estamos POR UM FIO de cair, dolorosamente, em um estado de acomodação que vai nos privar definitivamente do gosto de realizar, de conquistar, de experimentar e criar que a curiosidade e a ousadia juvenil nos proporcionavam na infância. E o pior, é que se houve sabotagem, como afirmam Stanley e Patricia, fomos nós mesmos que cortamos nossa corda de escalada rumo à realização, e agora nos agarramos desesperadamente, vendo as últimas fibras esticadas ao máximo, quase se desprendendo definitivamente...
Precisamos tomar consciência desta nossa atitude de apego demasiado à segurança, e desta nossa dependência exagerada para nos libertar um pouco. Risco calculado, um pouco de aventura, talvez algumas perdas recuperáveis, e quem sabe alguns arranhões e cicatrizes, como no tempo da infância. Nada disso é tão ruim que justifique sonhos não realizados e frutos que podem causar impacto positivos na vida de outras pessoas. Um pouco mais de desapego, de independência e ousadia podem nos tornar mais úteis e em consequência, mais realizados e felizes.
Depois de 180 páginas de descrições sobre repetição de atitudes derrotistas, que destroem relacionamentos, sonhos, casamentos, que interferem na criação de filhos, no trabalho e no desenvolvimento pessoal e na realização, Stanley e Patricia dizem claramente que é muito difícil romper com estas atitudes, e que não há garantias de liquidar definitivamente o sabotador que mora dentro de nós, mas afirmam que tomar consciência destas atitudes e aceitar o fato de que somos responsáveis por nossas escolhas é o primeiro passo. Segundo eles, a viagem até a superação pode ser dolorosa, mas vale a pena... Pense nisto.