terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A tão famosa motivação

Desenvolvimento pessoal. Emancipação humana. Crescimento integral. Capacitação. Desenvolvimento pleno do potencial. Nada disso é fácil, não é mesmo? Ouvimos isso sempre, na escola, na empresa, nas reuniões da igreja, nos workshops, nos programas de TV, nas entrevistas dos famosos e até mesmo na sala de estar, quando em famílias comentamos uma vontade, um desejo ou um sonho... Ouvimos e concordamos, pois queremos crescer mesmo, de verdade. Mas é preciso reconhecer que isso não é nada fácil.

A gente pode, num instante, levantar vários pontos que expliquem o porque de estarmos ainda estacionados em nosso desenvolvimento pessoal. Se crescer é difícil, arrumar explicações para não crescer é muito fácil. E de forma curiosa, é tão fácil que nós mesmos acreditamos nestas razões, de coração, com toda nossa alma. São tantas as razões, são tantos os obstáculos, que ficamos agradavelmente surpresos com qualquer pequena realização que consigamos. Comemoramos até, pois afinal em um mundo cheio de impedimentos como o nosso, crescer um pouquinho, mesmo que ladeado por anos de estagnação, já é um verdadeiro milagre...

Mas olhando este quadro DE UMA OUTRA FORMA, podemos perceber algo preocupante: todas estas razões do não crescimento são ótimas para explicar, para desculpar, para aliviar a culpa, mas poucas delas servem para justificar nossa tímida caminhada rumo a emancipação.

Preocupados com este quadro, há muitos anos, alguns especialistas em negócios, prevendo o impacto negativo qye a acomodação das pessoas quanto ao crescimento pessoal teria nas vendas, na produção e na qualidade dos serviços prestados resolveram agir. Procuraram uma arma para combater o inimigo do crescimento, e descobriram algo que julgaram mágico: o poder da MOTIVAÇÃO!

Surgiram vários livros, palestrantes, cursos, filmes motivacionais, dinâmicas de grupo, treinamentos diversos e instrumentos vários. Prêmios, concursos, reconhecimento e condecorações, histórias de sucesso e tudo o que pudesse fazer as pessoas a sentirem-se motivadas a crescer e fazer crescer.

Como um bom remédio, estas coisas atacaram os sintomas, mas o problema crônico continuou existindo, e logo se percebeu que eram preciso doses constantes e cada vez maiores de incentivo, e motivação para que as coisas continuassem acontecendo.

Melhoaram a fórmula, e o novo medicamento para a crise de acomodação ao crescimento passou a ser a auto motivação. Você é o único responsável por estar motivado. Embora muitos fatores externos contribuam, é você o personagem principal.

Depois descobrimos que motivação sem orientação pode ser perigosa. Avançamos para o entendimento que informação é a base de um crescimento bem orietado e motivado. Chegamos ao ponto de trabalhar a informação para obter sabedoria, que é em si mesma, um excelente motivador, e continuamos avançando no combate aos obstáculos do desenvolvimento pessoal, mas de forma paradoxal, parece que não estamos crescendo...

Nosso país está em 53º lugar no ranking da educação. Nossos melhores profissionais querem ardentemente ter uma chance de trabalho no exterior. Temos ainda milhares de pessoas com opiniões, no mínimo equivocadas, sobre democracia, eleições e direitos básicos, que se abstém não só de votar como de lutar...
Temos alunos que conversam demais nas salas, de se isentam de fazer suas tarefas, que dizem odiar ler, mas que passam horas em atividades frívolas, que divertem e dão uma falsa ideia de envolvimento com algo.

Não estamos crescendo. Ainda jogamos lixo pelas janelas dos carros, ainda lavamos calçadas com jatos d'água mesmo conhecendo a realidade de sua escassez, ainda furamos filas, ainda cortamos árvores, ainda fazemos uso de fumo e alcool, ainda brigamos e nos matamos por causa de um time de futebol... Não estamos crescendo.

E o que é pior, estamos ainda usando tudo isso como mais daqueles motivos para não crescer. Afinal, o que importa? Não consigo enxergar que diferença faz todo esse esforço pra me desenvolver...

Talvez esteja nos faltando a velha e boa motivação. Quer seja despertada por um profundo exercício de auto-conhecimento, ou seja fruto de uma boa palestra proferida por um preletor elétrico e engraçado, quer venha de um filme que nos fez chorar ou vibrar, ou que tenha nascido da contemplação de um exemplo de vida que nos faz repensar nossa existência, precisamos nos motivar.

Mesmo entendendo que as vezes a motivação pode ser apenas um band-aid se não for inteiramente entendida, precisamos dela as vezes. Para continuar sonhando, questionando, insistindo, corrigindo a rota, batalhando, fazendo, e properando. Precisamos da boa e velha motivação... Pense nisto.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Gratificante...


Que dá alegria ou prazer. Esta é a definição simples de gratificante. Alegria e prazer podem ser conceitos fluidos no senso comum, mas podem ser extremamente complexos quando tomamos consciência de que as relações que temos como nosso mundo, sociedade e trabalho podem ser alientantes, ideológicamente conduzidas e agentes de reprodução de uma situação de continuidade incosciente de uma realidade massificante...


Dito DE UMA OUTRA FORMA, será que encontramos verdadeira alegria e prazer nas coisas que fazemos? Ou será que simplesmente nos ensinaram o que devemos entender por alegria e prazer? Se recebemos listas prontas de nosso meio cultural, contendo uma série de itens que devem compor a alegria e o prazer, e se, um a um, vamos "ticando" os itens obtidos até a totalidade, deveríamos simplesmente nos sentir alegres e cheios de prazer ao marcar o último item faltante. Seria simplesmente algo como "completar o processo".


Mas o problema está na palavrinha SENTIR. Como acontece muitas vezes, ao concluir uma lista de coisas que deveriam nos deixar mais alegres, estranha e misteriosamente, não nos sentimos alegres. Temos um rápido momento de realzação, sentimos momentaneamente o senso de dever cumprido, mas tudo passa muito depressa...


E como fomos ensinados a pensar, achamos que o problema está em nós, e não no sistema que deve produzir aquilo que é gratificante. Com certeza - pensamos - minha lista deve estar incompleta. Se eu fizer mais, se eu fizer com mais afinco, se eu fizer com mais desejo, se eu procurar o que faltou, serei alegre e sentirei prazer. É assim que a maioria de nós pensa, muitas vezes.


Sem ter a pretensão de oferecer uma pílula de verdade que abra nosso entendimento para toda esta complexidade, atrevo-me a dizer que podemos fazer algo do tipo "o melhor dos dois mundos". Ou seja, podemos sim obter nossos bons momentos de alegria e prazer fazendo uso de nossas listas culturalmene construídas, ticando a cada dia novos itens de realização e desenvolvimento, e ao mesmo tempo podemos desenvolver uma mentalidade mais ampla, nova e abrangente do que seja a verdadeira alegria e o verdadeiro prazer.


Pensando DE UMA OUTRA FORMA, precisamos entender que alegria e prazer não são coisas que conseguimos, mas coisas que sentimos. Então, não necessariamente SOU alegre, mas ESTOU alegre. É um processo de "estar sendo" e "estar sentindo" que parece nunca poder deixar de ser concluído. A lista de itens para a vida plena sofre acréscimos todos os dias, e nós temos a grata oportunidade de de buscar conseguir aquele novo item e voltar a SENTIR alegria e voltar a SENTIR prazer.


Em resumo, talvez o que torne a vida GRATIFICANTE seja simplesmente fazer o que tem de ser feito. Isso inclui até mesmo fazer (e aprender a fazer bem) aquilo que ninguém gosta de fazer. Agindo e pensando assim, escapamos um pouco da alienação de simplesmente fazer porque me pediram pra fazer, de fazer porque é o que todos fazem, de fazer porque sempre foi feito... Pensando com uma mente renovada, faço porque cresço e me realizo enquanto faço, com objetivo e pleno de sentido e propósito no que estou fazendo...


Claro, esta é apenas uma forma de pensar. Você pode (e deve) pensar sobre isso DE UMA OUTRA FORMA. Eu acredito que quando você tiver refletido sobre isso, seus dias podem estar bem mais perto de se tornarem GRATIFICANTES. Pense nisto.

domingo, 5 de setembro de 2010

TENTATIVAS


Embora teoricamente eu saiba que a segunda tentativa traz em si todo o aprendizado da primeira, confesso que, às vezes, é muito difícil começar de novo. De uma forma positiva, tentar é ensaiar, experimentar, construir o ideal atavrés da prática. Tentar é aprender! De forma negativa, tentativas podem demonstrar pouca aptidão para a tarefa, ou incompetência em fazer certo desde a primeira vez...


Tentativas, porém, são reconhecidamente a maneira pela qual as grandes inovações chegam as nossas mãos. Elas são os canais pelos quais aprendemos, em muitos sentidos, pela vida toda.


Podemos refletir sobre nossa vida DE UMA OUTRA FORMA, se usarmos o viés das tentativas. O número de vezes que tentamos algo releva muito mais do que inabilidade ou despreparo em realizar uma tarefa ou atingir um objetivo. Em última instância, tentar e tentar repetidamente algo, mostra o quanto aquela atividade ou objetivo é importante para nós e o quanto estamos comprometidos.


As tentativas motivadas por teimosia acabam não sendo muitas, e nem sempre trazem em si a qualidade progressiva de quem está aprendendo com os erros. Se tentamos por sermos desafiados, podemos até atingir uma meta, mas apenas para evidenciar que somos capazes e pronto! Se não estamos nem obcecados por algo e nem nos sentido desafiados, nem mesmo tentamos...


Pode ser que a necessidade nos leve a fazer algo, e por isso tentamos. Mas assim que conseguimos, nos damos por satisfeitos, uma vez que conseguir é o suficiente para atender ao que necessitamos. Não há tentativas subsequentes, não há inovação e nem desejo de aprimorar...


Tentativas, porém, pode ser de extremo valor quando o que as motiva é sonho. Quando existe desejo, paixão e visão, tentamos de maneira incansável, aprendendo a cada vez, criando bases, ampliando o conhecimento, envolvendo positivamente as pessoas, criando opções, desvendando mistérios, crescendo sempre.


O que não funciona não é visto como fruto de incompetência ou entendido como fracasso. O que não funciona, quando existe um desejo verdadeiro de fazer acontecer, é visto como mais uma peça, com mais um passo dado, como mais uma informação na construção do conhecimento.


Tentar com paixão é motivador! Vibramos por estar mais perto a cada vez que repetimos um procedimento e a cada vez que percebemos que as tentativas anteriores nos aproximaram do ideal da visão! Tentativas alimentadas pelo sonho quase não podem esperar para acontecer, e se impacientam pela falta de recursos, de tempo, de espaço. Pessoas que acreditam nas ideias e sonhos que os motivam criam oportunidades constantes para tentar de novo.


O grande impecílio que encontramos é o constructo social do fracasso, que é jogado sobre nós. Somente o plenamente realizado, dentro do prazo estabelecido, com o mínimo de custos e o máximo de ganho, e que possa ser realizado repetidamente, cada vez com mais rapidez e cada vez com menor custo e sacrifício é que pode ser considerado sucesso.


DE UMA OUTRA FORMA, tentativas subsequentes e insistentes não são indicativos de fracasso, mas doses moderadas de sucesso, que nos fazem crescer e realizar, sentindo-nos plenos, sem correr o risco da acomodação que muitas vezes vitima quem alcança tudo na primeira vez, e nos livrando da arrogância de pensar que já somos grandes o suficiente para parar de tentar, de ensaiar, de experimentar...


As muitas músicas maravilhosas de um compositor são suas tentativas de compor a obra perfeita... Os muitos best-sellers de um autor são suas tentativas de escrever a história mais fantástica de todas... Os muitos pratos maravilhosos e saborosos de um chef: tentativas na busca do sabor definitivo... Os filmes premiados de um diretor são as tentativas de mostrar o encantamento total em imagens... Carinho e apoio, ajuda e aceitação, abraços e beijos são tentativas constantes das pessoas em expressar seu amor...


Uma grande lista de tentativas representa um vasto campo de pequenos sucessos que nos fazem crescer... Bem diferente de um único produto, de uma única manifestação de talento, de um único fruto colhido no aparente culto à competência que descaracteriza a beleza de tentar...


Começar de novo não é fácil, mas é belo, é motivador, é vital, é essencial... Começar de novo, DE UMA OUTRA FORMA, nem sempre é começar do zero, mas começar (recomeçar) sobre uma base segura que as tentativas nos proporcionaram. Pense nisto.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Certamente...

Gosto muito de ler. Fico realmente penalizado quando ouço alguém dizer que não lê, que não gosta do exercício da leitura e que não sente prazer nas páginas polpudas de um bom romance ou de um texto informativo.
Entre as coisas mais encantadoras que um bom livro pode proporcionar, está a repreensão. A gente pode se magoar com um amigo que "joga duro" quando erramos, e podemos até fazer aquele ar de deboche quando o patrão ou professor chama nossa atenção por erros cometidos ou por simples descompromisso. Podemos utilizar qualquer outro recurso de negação pra aplacar a culpa e para não dar o braço a torcer diante do tropeço e do engano cometido que nos é mostrado por outros, mas quando lemos uma repreensão que nos serve, que diz respeito aos nossos erros, acabamos por receber a censura de forma muito mais amena e refletir profundamente sobre a mudança... Isso porque um bom livro consegue o maravilhoso paradoxo de ser um amigo íntimo e ao mesmo tempo ser impessoal.
Bons livros nos ajudam a desernvolver um elemento fantástico de crescimento: a certeza. Gente inspirada e capacitada, gente que pesquisa, que testa, que comprova, que vivencia e que depois relata, que depois escreve e transforma em palavras claras o próprio crescimento são fontes de certeza para a vida.
E como precisamos de boas doses de certeza! Somos carentes de segurança em nossos passos, e precisamos estar mais convictos de nossas ações e decisões. Precisamos de princípios que nos orientem e que nos deêm certeza.
Pense comigo DE UMA OUTRA FORMA sobre suas convicções. Elas estão apoiadas na sabedoria e na segurança de pessoas sábias, admiráveis, impactantes e dignas de nota? Aquilo que você crê e que guia seus passos está firmemente apoiado em fatos, vivência e experiência de vida? Ou você simplesmente tem a impressão, o pressentimento ou "acha" que você está certo?
Nossa vida precisa de certeza. E, CERTAMENTE, precisa de uma direção apontada pela bússola segura e confiável dos princípios atemporais e universais que encontramos na história de vida, nos serviços prestados pelos grandes nomes da humanidade, e na imaginação inspiradora de fantásticos autores que criam personagens que vivem a ventura e a desventura que pode nos ensinar e fazer desabrochar.
Onde está tudo isso? Livros... Livros bons e antigos. Livros novos e encantadores. Livros bem escritos. Livros verdadeiros. Livros de conto, de prosa, de verso. Biografias, enciclopédias, estudos, romances...
Faça da leitura um instrumento de crescimento. Você vai se surpreender. Pense nisto.