sábado, 10 de dezembro de 2011

Libertar-se de si mesmo: um exercício essencial




Romper as correntes. Para viver em essência, nosso desafio é bem maior do que romper com correntes e cadeias reais. Para desfrutar completamente de nossa identidade e estar desimpedido para seguir nosso chamado, para cumprir uma missão e para saborear as coisas maravilhosas que estão a nossa volta, é preciso romper os grilhões do condicionamento...


As formas de pensar e agir que outros lançam sobre nós acabam por nos envolver, criar uma armadura, uma couraça que nos priva de ver as coisas de um jeito mais profundo, mais atraente em alguns casos e mais cuidadosamente em outros. Esta "casca" se cristaliza e acaba nos dando uma forma falsa, dura, sem graça... Para viver em essência, de forma plena, precisamos arrebentar esta capa e libertar-nos a nós mesmos.


Não que haja um "verdadeiro eu" ou uma "outra personalidade", como entes ocultos em uma mentira que rege nossa vida. Não estamos falando de algo tão dramático e tão complexo, mas de cadeias de ideias, atitudes e comportamentos que acabam por nos impedir de experimentar mais da vida.


Penso que a primeira coisa a fazer para tornar-se livre de si mesmo (do condicionamento, da forma de ver as coisas com as lentes que nos foram impostas) e usar e abusar das lembranças dos tempos de criança. Naquela fase em que éramos autênticos, em que manisfestavámos nossas ideias e sábiamos muito bem onde queríamos ir e o que queríamos fazer. Recuperar estas memórias, além de nos fazer bem, pode nos mostrar, num bom exercício de comparação, o quanto mudamos e também o quanto nos afastamos de nosso caminho original, de nossos sonhos dourados e, às vezes, até de nossos relacionamentos mais importantes e significativos...


Depois de recuperadas, use sua imaginação e se coloque de novo como alguém sedento de respostas, repleto de ideias e vontades. Use sua imaginação para criar novos conceitos e para entender melhor aquilo que está a sua frente. Não se contente com ideias prontas e comportamentos engessados ditados pela moda corrente. Você não precisa ir a lugares só porque todos acham que aqui ou lá é muito legal, e nem assistir ou ouvir o que todo mundo assiste e ouve.


Com imaginação, com liberdade, ouça aquilo que lhe inspira, veja aquilo que lhe traz paz, vá a lugares que lhe tragam satisfação: crie seu mundo de novo! Não é quebrar regras e fazer o que quiser da vida, não! É mais que isto! É redescobrir que você pode escolher, e que muitas vezes a sua resposta pode ser não.


Lembranças vívidas da infância somadas ao uso da imaginação têm como resultado a brincadeira! Então, brinque um pouco. Seja mais solto e leve. Ria de si mesmo, faça coisas engraçadas e se solte um pouco. Brincar, e de verdade, é o exercício libertador por excelência. Quando você faz cócegas em quem ama, corre um pouco pela rua, entra numa guerra de travesseiros, faz barquinhos de papel, desenha óculos e bigodes nas fotos da revista, estoura sacos de papel, e tantas outras coisas do tipo, as correntes se soltam... Experimente.


Exponha-se um pouco. Deixe que as pessoas vejam você chorar ou contar uma piada. Se tem defeitos, mesmo que seja algo que te incomode, revele isso pra alguém em quem confia. Faça alguma atividade onde tem que se mostrar. Pode ser cantar em um coral, falar em público ou gravar um video ensinando a fazer um bolo. Qualquer coisa! Mostre-se! E o que é mais importante neste exercício: veja-se.


Aproveitando-se das lembranças, usando sua imaginação e a leveza que o brincar e o expor-se lhe trazem, escolha um momento divertido, inspirador e único da sua vida e procure recriar, reviver aquele momento. Pode ser indo a lugares de sua infância onde você nunca mais voltou, pode ser revendo aquele filme antigo que você curtia (morrendo de rir dos efeitos especiais de antigamente) ou marcando um encontro com a turma da escola de quem você nunca se esqueceu... Reviver momentos felizes é trazer uma alegria legítima de volta, até com mais intensidade. Lembre-se que estas alegrias sempre foram suas. Falar que elas fazem parte do passado é tirar o sabor de algo que pode ser eterno...


Estes exercícios, feitos com sinceridade, trarão a tona vários sentimentos ternos e despertarão muita emoção. Procure traduzir tudo isto em palavras. Crie metáforas, crie histórias, ou simplesmente partilhe através de abraços, gestos carinhosos ou serviço abnegado. Quando você traduz estas sensações de ternura e de alegria, você se expande e torna impossível que a velha "casca" de condicionamento se forme outra vez. A luta para ser livre é constante, e como aprendi com a minha instrutora dos Vigilantes do Peso, Andrea Fafinni, o preço da liberdade é a constante vigilância...


Acione sempre seus amigos de verdade. Aqueles que escolhem você, que gostam da sau presença e que te fazem sentir-se acolhido, acarinhado e aceito. Sempre que sentir que está se prendendo, que está voltando ao velho estilo "todos fazem isso", procure seus companheiros de aventuras, de brincadeiras e os convide pra uma guerra de bolinhas de papel, pra uma noitada de "imagem e ação" ou uma sessão de desenhos e filmes do tempo em que eram felizes e sabiam (e como sabiam...).


Por fim, rompa com a mentalidade da conformação. Paulo, apóstolo de Cristo nos aconselhou, inspirado pelo Santo Espírito, a não nos conformar com este mundo, mas sermos transformados pela renovação (tornar novo outra vez: reencontrar a infância, a imaginação, as brincadeiras, as alegrias de expor-se e a aventura de reviver os melhores momentos com os amigos) de nossa mente. Tudo começa e termina bem aí, na sua fantástica fábrica de sonhos que é sua mente. Pense nisto.


Um comentário:

Tom disse...

Demais!
Procurei por isso há muito tempo.