sexta-feira, 14 de novembro de 2008

CACTO E FLORES


Há alguns anos uma amiga muito especial (obrigado, Mirian) me deu um cartão. Havia nele a figura de um cacto emoldurada por uma área desértica, banhada com um sol forte. No cacto havia uma flor de cor viva, e no verso do cartão uma frase: “nenhum cacto é tão compacto que não dê lugar as flores.”

Aquela era uma mensagem muito importante, que naquele instante foi dita DE UMA OUTRA FORMA e que foi resgatada por minha memória como um bálsamo para aliviar a pressão de um momento muito difícil. Coisas assim acontecem todos os dias, mas nem sempre estamos atentos o suficiente para receber este milagroso remédio e aproveitar seus efeitos calmantes, estimulantes e revigorantes. Precisamos abrir os olhos para as flores quando estamos cercados pelos cactos espinhosos de um dia difícil.

Quero dar um exemplo pessoal. Estou vivendo dias amargos, pressionado por uma decisão que preciso tomar. Parece que qualquer caminho que eu escolha vai me conduzir a uma imensa plantação de cactos espinhosos, onde fatalmente vou me arranhar... Pressões comuns ao mundo do trabalho, mas desconhecidas de alguém que gosta extremamente das pessoas. Pressão que sofre alguém que ouve as pessoas e descobre que existe uma clara divisão de pensamentos sobre o que deve acontecer. São pessoas que aconselham, que argumentam, que intercedem e que se preocupam, mas que por mais que queiram não podem assumir as conseqüências da decisão junto comigo.

Coisas deste tipo roubam a alegria. Decisões assim ficam piores quando há pressão do tempo, quando um prazo imposto se apresenta e quando o som do relógio e o cair das folhas do calendário parecem acelerados... Não deviam existir situações de trabalho onde o melhor a ser feito pela lógica seja justamente o pior a ser feito no entender dos sentimentos. Mais coisas assim existem, e brincam com nossa auto-estima, enfraquecem nossa confiança e nos causam medo de magoar, de ser magoado, de estar agindo certo, de estar fazendo realmente o melhor...

Cactos, cactos e mais cactos em um deserto assolador. Aí, de repente, quando você se sente oprimido e arranhado começa a pensar em como precisa da ajuda de Deus...

Um anjinho chamado Luana, com 4 aninhos foi a ajuda que o bom Deus me enviou. Trabalho em uma escola, e ao final das aulas gosto de dar volta pelo pátio. Ela veio correndo quando me viu, e disse a frase que estendeu a escada para meu colo: “Tô querendo você. Me pega?” com os bracinhos pra cima e a carinha mais confiante do mundo. Fiquei ali, conversando com as professoras e com a pequenina nos braços...

Depois de algum tempo, ela olhou pra mim e perguntou se eu tinha uma filha pequena. Eu disse não. Perguntou se eu tinha uma filha grande, e eu disse que não (apesar de ter amigas tão queridas e especiais que são como filhas de muita consideração). Luana ficou me olhando e disse que se eu quisesse ela podia ser minha filha um pouquinho... Falou que sou cheiroso (depois de um dia inteiro de trabalho) e que meu colo era muito bom... Quando menos se espera Deus te mostra uma flor brotando em meio ao cacto mais feio e seco...

Meu medo de não ser compreendido sumiu. Minha ansiedade pelo que as pessoas possam pensar de minha decisão desapareceu. Meu compromisso em ser transparente se apresentou com força total. Minha decisão de gostar das pessoas e procurar resolver as situações ruins armado de amor e de fé ficou ainda mais firme.

“Nenhum cacto é tão compacto que não dê lugar às flores” é uma excelente forma de dizer que situações difíceis não devem abalar a certeza que você tem da pessoa que é. As decisões podem ser difíceis e você pode estar inseguro, pode até mesmo errar e sofrer as conseqüências de uma escolha equivocada, e fazer sofrer pessoas que gosta, mas você não pode se omitir. Uma flor brotando em um cacto é uma mensagem de Deus que pode estar querendo dizer que onde existe amor sincero, você é visto por Ele e pelas pessoas que te cercam pelo que você é realmente.

Lembre-se de fazer sempre a distinção entre o que você é e o que você faz. Aí pode estar a chave para o perdão a si mesmo e uma vida de autoconfiança. Pense nisto.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Onde estão as coisas profundas?

A imagem acima me fez pensar em profundidade. Alguns dicionários trazem como sinônimo de profundidade a profundeza. Tanto uma como outra palavra, além de indicar de forma direta a distância entre a superfície e o fundo, também indicam, em sentido figurado, algo que seja intenso, muito forte ou íntimo. Por isso dizemos que conhecemos alguém profundamente quando queremos expressar nossa intimidade, ou falamos de um sentimento profundo quando o que sentimos é muito forte, muito intenso.
A idéia transmitida pela imagem faz com que muita gente tema coisas profundas. Pensamos em afundar, em afogar, em perder contato com a realidade... Mas o que se aplica a rios profundos, mares profundos, cavernas profundas, selvas profundas talvez não se aplique a relacionamentos e sentimentos. Vamos falar de profundidade DE UMA OUTRA FORMA.
Estamos vivendo uma época de muita superficialidade. Onde estão as coisas profundas? Quando falo de coisas profundas estou me referindo àquilo que encanta. Pense um pouco e veja se consegue se lembrar da última vez que viu algo que o deixou encantado, extasiado, boquiaberto. Conseguiu? Faz muito tempo? É algo comum? Se você é um pouco como eu, talvez nem consiga se lembrar...
Parece que tudo se tornou muito banal, muito comum. Mesmo as invenções mais mirabolantes já não nos deixam encantados. Apenas, de algum modo, sabíamos que iriam aparecer estas coisas. Muito diferente da sensação que tiveram as pessoas que acompanharam Santos Dumond voar no 14 bis (espanto) nós não nos assustamos quando ouvimos a divulgação de jatos que ultrapassam a barreira do som ou de computadores que cabem no bolso.
E ficar encantado faz tão bem ao espírito... Esta onda de superficialidade afetou a forma como sentimos, como crescemos e como nos relacionamos. Nossas amizades já não são tão profundas, nosso namoro já não é assim, e consequentemente as famílias estão deixando de ter laços profundos...
Você talvez sinta uma imensa dificuldade de encontrar um amigo com quem possa falar com sinceridade e tranquilidade sobre as coisas mais íntimas de seu coração. Falar de seus erros, daquilo que te envergonha, daquilo que te priva da felicidade. É difícil encontrar alguém assim porque nossas amizades (talvez) estejam muito superficiais.
O namoro pula etapas e chega rápido demais ao contato sexual íntimo, sem que os corações tenham se conhecido intimamente. Os casamentos começam já com a alternativa do divórcio como solução rápida para qualquer desentendimento, e isso é superficial. Pais e filhos não passam tempo de qualidade juntos e criam uma relação de responsabilidade que é tudo, menos profunda.
Onde estão nossos relacionamentos profundos? Sinto que precisamos muito deles, mas estamos deixando de criá-los. Por isso vivemos uma vida sem encanto. Apesar de algum perigo, você já parou pra pensar como as coisas profundas são fascinantes? Rios profundos são misteriosos, cavernas profundas mexem com nossa imaginação e nos convidam a explorar, a nos aventurar. Mares profundos são símbolo de complexidade, e mergulhar em águas profundas requer coragem e vontade de descobrir coisas fantásticas. Florestas e selvas profundas desafiam os mais ousados e revelam maravilhas da natureza... Coisas profundas nos atraem, nos encantam, nos desafiam.
Pessoas profundas fazem o mesmo efeito. Pessoas que tem algo a dizer, que aprenderam muito da vida, que sabem de coisas que não imaginamos... Para aprender de pessoas profundas, precisamos de relacionamentos profundos, que ultrapassem em muito aquele papo sobre trivialidades, sobre filmes e novelas, sobre clima e trabalho.
Procure pessoas profundas, tenha relacionamentos profundos e você vai experimentar o encantamento que falta para dar sabor aos dias e dar significado e propósito a qualquer coisa que você queira realizar. Comece consigo mesmo, explorando profundamente quem você é. Não tenha medo de explorar sua história, e comece a explorar a história dos outros. Um relacionamento (ou mais de um relacionamento) profundo pode fazer com que você veja a vida com outros olhos. Pense nisto.

sábado, 8 de novembro de 2008

Desafios


Sou uma pessoa comum, mas uma pessoa comum muito abençoada. Tenho amigos que me oferecem tesouros magníficos, maravilhosos, mágicos com uma naturalidade tão grande que chega a ser difícil acreditar.

Estive em Belo Horizonte (minha cidade natal) entre os dias 1 e 4 de novembro e tive a felicidade de ver vários amigos queridos. Foi muito bom poder falar, ouvir, brincar e principalmente abraçar de forma carinhosa estas pessoas que fazem minha vida ser bem mais completa e feliz.

Uma dessas pessoas (uma amiga muito meiga) me disse que sempre abre este espaço, sempre medita em minhas “filosofanças” e que sempre aprecia pensar as coisas DE UMA OUTRA FORMA. Eu não sabia que ela visitava este blog e foi maravilhoso saber. “Eu sempre leio, mas nunca comento”, foi o que ela me confidenciou. Adorei saber que meus pensamentos ajudam a esta amiga tão querida.

Mas fiquei em dívida. Uma visitante assídua como esta amiga se revelou, me cobrou postagens. Realmente, eu confesso, tenho sido demorado em expor pensamentos e reflexões, e uma vez que eu deva (e devo), não posso deixar de pagar.

Então, para esta minha amiga (homenagem especial, viu?) queria sugerir que ela, e que você que bondosamente me acompanha, pensem por um momento nos desafios da vida. Talvez um bom exemplo seja o desafio de deixar a família, de tentar construir um sonho longe de casa, de começar de novo onde tudo é novidade, inclusive as pessoas. Pense bem: um lugar onde ninguém te conhece.

Dá medo. Mas é sua chance de ser diferente! Se você sempre foi tímido, pode agora assumir o papel de alguém que adora os holofotes. Se foi sempre aquela pessoa que ficava na platéia, pode agora subir ao palco. Se usava cores sóbrias, agora pode usar roupas alegres. Ninguém te conhece, e esta seria sua chance de experimentar novos sabores sem aqueles olhares que parecem dizer “Ei!? O que aconteceu com você?”.

Desafios quase sempre revelam talentos que nem sabíamos possuir. Um novo emprego, uma chance de falar a um grande público, ou mesmo uma volta radical numa enorme montanha russa... Os desafios nos possibilitam crescer em muitos aspectos.

Alguns desafios são impostos pela vida. Simplesmente aparecem e esperam que façamos algo. Estes nos ajudam a testar nosso potencial e a aprender. Mas existe uma classe de desafios muito melhor do que estes: OS DESAFIOS ESCOLHIDOS. Você escolhe fazer algo novo, desafiante, que de alguma maneira possa ampliar seus horizontes e te trazer felicidade.

Uma coisa maravilhosa que desafios escolhidos fazem por nós é mudar um pouco a pessoa que somos. E isso muda tudo! Afinal, segundo Anäis Nin, nós não vemos as coisas como elas são, nós as vemos como nós somos. Você entende o que é isso? Vencer um desafio muda você, e quando você muda de alguém que achava que não podia para alguém que tem certeza que pode, tudo a sua volta (em função da sua nova visão de si mesmo) muda também! Não é a toa que a Bíblia enfatiza que o ideal de Deus para nós e transformação radical, de pensamento e de atitude, tendo Cristo como modelo.

Desafios fazem com que nos sintamos ricos (milionários!!!!). Não é mais uma questão de possuir coisas, mas de sentir que não precisamos mais delas. Segundo as palavras de Kant não somos ricos pelo que temos, mas sim pelo que não precisamos ter. Desafios nos mostram que não precisamos temer, que não precisamos mentir, que não precisamos fugir, que não precisamos nos esconder, porque mesmo quando não os vencemos os desafios nos fazem mais fortes.

Há uma linda canção de Mariah Carey que fala disso. O título é bastante sugestivo: Hero. Ou, em nossa língua, HERÓI. Ela afirma aquilo que muitos e muitos outros já disseram e que muitos de nós já descobrimos: nos momentos mais difíceis, se olharmos DE UMA OUTRA FORMA, descobriremos que somos (e seremos muitas vezes) HERÓIS! A canção (traduzida) é mais ou menos assim:


"Existe um herói se você olhar dentro de seu coração. Não precisa ter medo do que você é. Existe uma resposta se você procurar dentro de sua alma. E a tristeza que você conhece irá desaparecer, e então um Herói surgirá com a força para prosseguir. E você deixará seus medos de lado e saberá que pode sobreviver. E quando sentir que sua esperança se foi, olhe dentro de si e seja forte. E finalmente verá a verdade que existe um Herói em você. É um longo caminho quando você encara o mundo sozinho. Ninguém estende uma mão para você segurar. Você pode encontrar o amor se procurá-lo dentro de si mesmo. E o vazio que sentia irá desaparecer. Só Deus sabe como é difícil ir atrás dos sonhos, mas não deixe ninguém destruí-los. Se mantenha firme e haverá um amanhã. No tempo certo você achará o caminho..."
Se puder, escute esta canção, pense nos desafios que você pode escolher e que farão de você um herói ou heroína... Sempre DE UMA OUTRA FORMA, é claro. Pense nisto.

Para bom entendedor...



Imagine a história a seguir. Mas imagine mesmo. Use todos os seus sentidos para formar um quadro mental bem vivo. Visualize cores, sinta os aromas e cheiros, procure imaginar a textura dos objetos e ouvir os sons de cada ambiente da história. Procure enxergar os rostos, os olhares e até mesmo sentir o calor das pessoas. Deixe que os sentimentos dos personagens vibrem em você. Por favor, procure fazer isso para aproveitar ao máximo esta história. Ou, em outras palavras, procure aprender desta história DE UMA OUTRA FORMA...

Um certo alguém tinha (ou tem) uma amigo chamado Alonso. Era (ou é) um amigo de muito tempo. Sabe aquelas pessoas que estão na nossa vida de forma tão intensa e tão constante que a gente nem sabe bem quando nossa amizade começou? Alonso era uma destas pessoas na vida deste alguém.

Se existe uma palavra que descreva bem Alonso, essa palavra é CHATO. Alonso era (ou é) muito chato. Ele diz coisas inoportunas, aparece nos momentos mais inadequados e não vai embora nunca... Ele enfatiza defeitos, conta cenas constrangedoras do passado, ridiculariza valores e fala mal das pessoas que fazem parte de seu dia a dia. Alonso fala alto nas festas, bate nas costas dos outros com tapas fortes e barulhentos, e nos restaurantes ou pizzarias chama atenção com piadas completamente inadequadas... Mesmo assim, alguém é amigo de Alonso.

Alonso nunca ajuda em nada. Ele nunca participa daqueles mutirões de pintura na casa nova de um amigo, nem da "vaquinha" pra pagar a pizza. Quando uma festa acaba, Alonso não faz o tipo discreto que vai embora um pouco antes para não ajudar na limpeza. Ele é aquele que se joga no sofá (com mãos sujas de gordura dos salgdinhos servidos e com um copo prestes a derramar refrigerante nas almofadas) e fica observando você limpar tudo. Algumas vezes ele reclama quando você pede que ele levante os pés para que possa passar a vassoura... Mesmo assim, alguém continua amigo de Alonso.

Se existem momentos de dor, Alonso nunca presenciou um. Ele é aquele tipo de amigo que não vai a velórios, não está presente na sala de espera de um hospital e não visita ninguém que esteja doente ou triste. Nas formaturas, Alonso é aquele que chega após a entrega dos diplomas, só para seguir a família até o local da festa... Mesmo assim, alguém insiste em ser amigo de Alonso.

Já viu aquelas pessoas que precisam muito de ajuda? Alonso é o primeiro da lista dos mais ajudados do mundo. Ele precisa que alguém o pegue em casa para as excursões ou passeios da turma, porque não consegue chegar a tempo. Ele precisa que alguém o ajude a escolher suas roupas, que o ajudem a fazer seus trabalhos de faculdade e precisa sempre de conselhos para seus problemas de trabalho. Alonso precisa de ajuda com as brigas que arruma, e precisa de dinheiro emprestado quase sempre (e quase sempre ele paga...). Alonso é completamente dependente. Mesmo assim, alguém desafia a lógica para ser amigo de Alonso.

Não dá pra dizer que Alonso era (ou é) uma pessoa legal. Ele não era (e não é). Sofria (ou sofre) de ataques terríveis de humor, ficava (ou fica) chateado por qualquer coisa. Meio rancoroso, um tanto ranzinza, sempre mandão. As coisas tinham que acontecer no seu tempo, do seu modo. Ele era (ou é) o tipo de amigo que vê nos outros uma interminável fonte de satisfação (de seus desejos e vontades, é claro). Mesmo assim, alguém contrariava toda a razão para ser amigo de Alonso.

No aniversário dos amigos, Alonso incomodava as pessoas. Ele não tinha discrição e não sabia o que era bom senso. Alonso não tinha (e não tem) dinheiro, então levava nos bolsos pratadas de salgados e doces, pedia um pedaço enorme do bolo (que ele mesmo cortava, e algumas vezes antes do aniversariante cortar...) e sempre subia em uma cadeira e gritava por alguém que pudesse dar uma carona até a porta de sua casa. Ele sempre dava um jeito de envergonhar seu amigo mais próximo. Mesmo assim, contra todas as leis da natureza, alguém permanecia amigo de Alonso.

Já no aniversário de Alonso, adivinha quem comparecia? Alguém que sempre insistia e perseverava em ser amigo de Alonso... Sabe-se lá por que...

Alonso não sabia (e não sabe) confortar, nem incentivar. Alonso não sabia (e continua não sabendo) aconselhar e muito menos defender alguém. A amizade de alguém era sempre (e é) muito boa para Alonso, mas a amizade de Alonso (convenhamos) nunca foi muito boa pra ninguém...

É uma história terrível, não? Ela faz pensar no quanto este amigo de Alonso é valoroso, e em como ele (ou ela) é bom, de coração aberto e mente iluminada. Mas eu queria sugerir que você pensasse DE UMA OUTRA FORMA. Imaginar que é difícil ser amigo de Alonso é muito fácil, difícil é se imaginar sendo um Alonso. Isso mesmo! Ter amigos é algo fascinante, mas ser um amigo (bom amigo ou boa amiga) é essencial para a felicidade (nossa e dos outros) e um fantástico modo de obter vitória, realização e de deixar um legado sólido, positivo e impactante.

Há um ditado que afirma que para o bom entendedor, uma palavra basta, ou que um pingo é letra. Então, pense: você está (ou esteve) sendo o Alonso da vida de alguém? Quantas vezes você tem sido como este Alonso da história (Existem outros Alonsos que são amigos maravilhosos) e sido uma amigo difícil de engolir? Repense suas atitudes, suas palavras e seu comportamento dos mais variados momentos. Seja alguém que irradia positividade, que atraia as pessoas com seu carinho desprendido e com sua forma leve de viver. Cuide de você e acredite: a melhor maneira de ter amigos, carinho, amor e sucesso é sendo uma pessoa fácil de gostar, com toda sinceridade e leveza. Seja esta pessoa. Pense nisto.

sábado, 13 de setembro de 2008

Tesouros Escondidos...

Assisti aos dois filmes da série "A lenda do Tesouro Perdido", com Nicolas Cage. Gosto da característica principal do personagem Benjamim Gates de saber tudo sobre história, conhecendo fatos que quase ninguém conhece... Esse conhecimento, associado a um raciocínio rápido e claro tornam Gates um super caçador de tesouros.

Gates conhece a história, é determinado e cheio de confiança em seu potencial. É apaixonado pelo que faz e acredita com tanta força em seus ideais que convence a todos os amigos a participar de suas aventuras. Ele é comprometido e consegue, no filme, um comprometimento extremo de seus pares. Entendo que muito mais que o tesouro, para Gates, o que importa é a busca. E nós, os que acompanhamos suas aventuras do sofá de casa, vibramos com a busca e chegamos mesmo a lamentar quando o tesouro é encontrado, pois isso indica o fim das séries de descobertas espantosas e da linha de racício vivo e ágil dos personagens Gates, Abigail e Riley...

Pensando em tesouros DE UMA OUTRA FORMA podemos esquecer ouro, jóias e diamantes. Pense no tesouro único e valioso que cada pessoa é. Assim como nos filmes, estes tesouros fantásticos que são as pessoas muitas vezes estão escondidos, e é preciso conhecer a história, conhecer o passado delas, ligar os pontos desconexos da vida, das contrariedades, das tristezas e dos desafios, da alegria e das vitórias para encontrá-los. É preciso ter um raciocínio claro, uma percepção fina e uma verdadeira paixão pela busca...

Esta semana tive a oportunidade de ver o primeiro brilho dourado de um tesouro que estava escondido há algum tempo. Uma pessoa cheia de potencial, um tesouro valioso enterrado sob uma carga de culpa, de baixa auto-estima, de frustrações e lembranças ruins do passado... Me senti muito, muito feliz em agir como um Gates da vida real... O que fiz para encontrar este tesouro? Algo muito próximo daquilo que o personagem de Nicolas Cage fez no filme: acreditei nele!
Veja as pessoas DE UMA OUTRA FORMA. Olha pra elas como o tesouro que elas verdadeiramente são. Descubra o valor infinito que cada uma delas tem. Decida usar seu conhecimento, sua paixão para buscar estes tesouros. Pode acreditar que você vai se sentir muito mais vivo, muito mais vibrante, e muito mais rico também. Pense nisto.



quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Vida com Propósito? Talvez de uma outra forma...




Estou lendo o livro "Uma vida com Propósitos" do Pr. Rick Warren. A leitura é realmente motivadora. Comecei a repensar algumas coisas em relação à minha vida, ou melhor, em relação aos propósitos ou ao propósito desta minha vida...

Não é uma exclusividade de Rick Warren falar da necessidade de alvos elevados para que vivamos em verdadeira alegria e satisfação. Muitos outros escritores, cristãos ou não, e em muitas áreas do conhecimento, já trataram deste assunto. Como sou um leitor fascinado com o tema do desenvolvimento e da busca da vida plena, já apreciei idéias de muitos deles. Alguns, bondosamente, nos sugerem, além da reflexão,dicas de ação para potencializar nossos esforços e realmente viver uma vida mais completa.

Todos estes estudiosos parecem seguir uma linha mestra, que diz que as pessoas realmente querem viver uma vida potencializada, com propósitos, leve, plena, alegre e motivadora. Eles então não tratam tanto da questão do desejo, mas do caminho. Eles sugerem muitos caminhos, muitos passos e apresentam como exemplo aqueles que já chegaram lá. Eu queria sugerir, como sempre faço neste espaço, que pensemos sobre isto DE UMA OUTRA FORMA.

Vamos imaginar que muitos, muitos mesmo, nem ao menos tem o desejo de viver uma vida com propósitos. Pra muita gente, um propósito, um sonho, uma missão, um objetivo elevado são sinôminos de stress, de muito trabalho e pouco reconhecimento, de falta de tempo para desfrutar o melhor que a vida pode oferecer...

Você já deve ter acalentado o desejo de poder passar seus dias sem o compromisso do horário, sem a pressão dos prazos, sem o constrangimento da obrigação e da responsabilidade. Tem muita gente, assim como você, que alimentam sonhos parecidos. Coisas como morar num sítio, ou então poder viver de uma renda permanente que não me obrigue a trabalhar, a ter patrão e nem responsabilidades.

Longe de dizer que uma vida assim é sem propósito, devemos dizer que o propósito destas pessoas é curtir bem seu tempo, passar as tardes gostosamente com os amigos, poder viajar e conhecer gente, e de repente dar preciosas lições de longevidade longe do stress e da agitação da modernidade. E se alguém ousar dizer que não construíram nada, eles retrucam dizendo que construíram relações, aprendizado, paz de espírito...

Sendo assim, penso que precisamos rever com cautela nosso entendimento sobre propósito, sobre o desejo de uma vida com propósitos e sobre os caminhos que podemos tomar, tudo sob a luz de um pensamento diferente, DE UMA OUTRA FORMA de entendimento.

Talvez propósito tenha uma forte ligação com estilo. Uma pessoa agitada, elétrica, com temperamento forte e que adora conversar, fazer e acontecer, dificilmente veria propósito em um sítio tranquilo, em plantar uma horta e viver de forma frugal... Por outro lado, alguém pacato, de temperamento suave e tranquilo, não parece ver muito propósito em compromissos constantes, reuniões e eventos, muita gente, muita viagem e muito trabalho... Uns gostam de trabalhos manuais, outros de aventura, alguns de pessoas, outros de silêncio e isolamento. O fato é que penso que a vida com propósito esta ligada irremediavelmente àquilo que somos, aos gostos distintos que o Criador nos presenteou, e também com os hábitos e estilo de vida que obtivemos em nossa criação.

Porém, acredito que há um padrão, um ponto comum em toda vida com propósito: uma alegria em viver e um serviço constante em favor dos outros. Não importa o estilo, o jeito de ser ou o temperamento, uma vida com propósito sempre alcança outros. Seja por um trabalho direto, seja pelo exemplo, seja pelo relacionamento positivo e rico.

Uma vida vivida com propósito, numa cidadezinha do interior ou no escritório de uma grande multinacional vai causar efeito positivo na vida de outras pessoas, e vai trazer uma alegria indizível. Como cristão, ainda acredito que uma vida assim se converte em uma porta para uma outra vida, eterna, em ligação com Deus.

Já a questão do desejo é mais complexa. Parece que muita gente nunca aprendeu a desejar, a sonhar e buscar felicidade e alegria. Tem gente extremamente condicionada pela vida que leva. Cresceram ouvindo que aquilo que podem fazer é limitado, e que aquilo que podem alcançar é pouco, e se conformam. Eles tem um desejo pequeno, tímido. Por isso, alcançam pouco, muito pouco. Mas entendamos bem: não estamos falando de ganhar muito dinheiro, de ter muito sucesso, mas de alcançar o propósito alinhado com o estilo pessoal, e que passa obrigatoriamente pelo desejo de modificar o nosso modo de viver.

Caminhos para chegar lá, existem vários. Mas creio que o melhor deles e o caminho dos relacionamentos. As maiores e melhores motivações e experiências podem ser encontradas na vida de homens e mulheres que souberam perceber o estilo, o propósito de sua vida, e vivem de forma plena, exercendo uma influência poderosa, espalhando admiração e realizando muito, não importa onde vivam.

A conclusão é óbvia: devemos viver com propósito. Mas quando pensamos nisto DE UMA OUTRA FORMA, entendemos que é preciso conhecer bem a nós mesmos, entender nosso estilo e nossos pontos fortes, estabelecer nosso propósito e buscar orientação para o caminho. Pense nisto.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Pequenas Coisas

Uma vez vi um desenho animado em que uma lágrima, de um dos personagens, sentado no alto de uma montanha coberta de neve, começou a rolar e logo se transformou em uma gigantesca bola de neve... Não me lembro que desenho era, mas me lembro bem destas cena: a bola de neve destruiu tudo que encontrou na cidade lá embaixo...

Penso que as pequenas coisas são poderosas. Assim com a lágrima juntou neve, pequenas coisas do dia a dia muitas vezes tem um estranho magnetismo. Elas começam a atrair lembranças, outros acontecimentos, sentimentos, sensações, fatos, pequenas coisas semelhantes de outras pessoas, e quando a gente percebe lá está uma bola gigante de variadas coisas, fazendo um estrago enorme...

Pequenas coisas. Uma pequena coisa pode ser uma palavra dita em um tom mais rude, ou uma colocação impensada. Pode ser um gesto, um olhar severo, uma boa intenção que deu errado. Uma pequena coisa pode ser um comentário, uma repreensão mal formulada ou mesmo um pensamento. Mas pequenas coisas são perigosas porque se unem de tal modo a outras pequenas coisas semelhantes (ou diferentes) que acabam por destruir o que está em volta.

Já vi pequenas coisas destruirem amizades, sociedades, projetos, eventos, casamentos e famílias... E sabe o que é pior? No início, por serem pequenas, estas coisas podem ser paradas com muito pouco esforço, mas depois que rolam pela montanha, a cada metro se tornam mais pesadas, maiores e mais fortes...

O imã que une pequenas coisas assim, de forma tão destrutiva, parece ser formado por um trio de coisas: o temperamento, a atitude e a vontade. Não temos muito controle sobre o primeiro. Ele se refere ao nosso estilo. Somos mais agitados ou mais calmos, muito emotivos ou muito racionais, e por aí em diante. Temperamento tem ligação com nossa herança, com nossa educação, com nosso jeito de ser... Mas mesmo assim, um temperamento pode ser transformado pelo Espírito Santo, e eu creio nisso.

A atitude, eu sempre acreditei, pode ser trabalhada em muito. Atitudes positivas são hábitos que podemos cultivar. Dá trabalho no começo, mas o resultado é sempre bom. E por fim, vontade de fazer as coisas de modo diferente daquele de que sempre foram feitas. Boa vontade, se prefefir chamar assim, é também um produto de uma vida transformada, de uma nova visão.

Podemos trabalhar isso melhor depois, mas o fato é que precisamos cuidar das pequenas coisas. Precisamos urgentemente entender que precisamos cuidar delas, e não negligenciá-las. Entender que nossoas palavras, nossos atos, nossas intenções devem ser sempre escolhidas com cuidado. Precisamos agir DE UMA OUTRA FORMA. Se uma palavra nossa causa uma lágrima, ela pode tornar-se uma bola de neve que nos atropela e destrói tudo. Por outro lado, se uma lágrima nossa rolar pelo rosto e cair na neve, podemos detê-la com um simples toque. Tanto em um caso com em outro, a responsabilidade é nossa. Pense nisto...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Mudança

Você já deve ter ouvido, ou mesmo vivido, a situação do medo de algum mostro imaginário. Na infância eu tinha medo dos fantasmas que assombravam os casos que meus pais contavam, e tinha medo dos tipos desconhecidos que passavam perto de casa, suspeitando que a qualquer momento iriam nos raptar, fugindo comigo ou meu irmão em um saco de batatas. Muita imaginação aumentava o tamanho dos cachorros que nos perseguiam, fazia mais forte o brigão da rua de baixo, colocava verrugas e olhos vermelhos de sangue na professora que era mais firme na escola...

O processo de mudança, parece ser algumas vezes, um antepassado destes mostros e fantasmas. Não é tão grande, não é tão ameaçadora e nem tem olhos vermelhos injetados. Porém, nós a tememos. Desconfiamos de seus efeitos e suas consequências e ficamos receosos do pior. Alguém disse, certa vez, que mais de 70% dos temores que temos jamais irão acontecer, mas mesmo assim ficamos angustiados, preocupados e até imobilizados por este temor. Algo parecido com o que nossa imaginação infantil causava. Talvez seja hora de tentar entender a mudança DE UMA OUTRA FORMA.

Mudança, em pequenas doses, é um ótimo remédio contra o comodismo. Quando nos acostumamos a fazer pequenas mudanças em nosso caminho, em nossa decoração, em nosso local de férias, em nossa forma de presentear alguém, em nossos hábitos ou rotina, estamos desenvolvendo um estilo de vida leve. Promover estas mudanças nos ajuda a renovar a visão, a trazer vigor ao pensamento e abrimos portas a novas idéias.

Mudanças um pouco maiores nos ajuda a conhecer outros espaços. Somos forçados, às vezes, mas o resultado pode ser muito positivo. A princípio uma mudança como uma demissão não parece apresentar nada de bom, mas os efeitos podem ser os mais diversos, tais como um novo emprego mais satisfatório, um empurrão no início de um negócio próprio, a oportunidade de conhecer uma nova função, um descanso que trará vigor e melhoria na saúde... Tudo isso dependendo, é claro, da atitude que tivermos frente a esta mudança.

Mudanças de grande porte são os motores do verdadeiro desenvolvimento. A independência de um país que até então era um celeiro colonial, a eleição de um novo governador que muda a política do estado, a morte dos pais, o nascimento de um filho... Teremos medo, ficaremos incomodados, mudaremos a rotina... Mas as mudanças de pequeno e médio porte que nos atrevemos a promover, nos servirão de base para extrair o que há de mais positivo em qualquer situação que as grandes mudanças criem. Assim, crescemos e nos desenvolvemos de verdade.

Há muitas histórias em que atitudes otimistas e pessimistas são confrontadas. No fim, em qualquer uma destas histórias, o que fica claro é que dependendo da visão que adotamos, as coisas podem ficar melhores ou piores. Com a mudança, essa conclusão permanece. Portanto, meu conselho é que você encare as mudanças DE UMA OUTRA FORMA. Pense nisto.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Nostalgia

Você já teve a impressão de que passa tempo demais no passado? Não é um exercício consciente, mas quase sempre estamos as voltas com coisas que nos marcaram e que continuam vivas dentro de nós. Lembramos de certos fatos com tanta precisão e as imagens aparecem na tela da mente com tanta nitidez que parece que estamos vivendo a cena naquele exato momento.
Eu sei, e acredito, que se passarmos tempo demais no passado (lamentando os erros ou sentindo saudade dos bons momentos) ou se viajarmos muito ao futuro (sonhando com o que teremos, faremos ou seremos, ou que pelo menos gostaríamos de ter, fazer ou ser), teremos muito pouco tempo pra trabalhar o presente, usar as lições do passado e construir realmente um futuro. Mas também acredito que este nosso hábito, quase sempre inconsciente, de voltar aos dias já vividos, pode ser visto e usado DE UMA OUTRA FORMA.
A imagem acima me fez pensar um pouco sobre isso. Existem momentos que a melhor estratégia é uma fuga. Há pessoas que não gostam nem ao menos de pensar nisso, mas aprecio a sabedoria que posso ver naquele adágio que diz "fugir agora para lutar depois". Afinal, existem batalhas que já se anunciam perdidas antes mesmo de começar. Quando o fogo do inimigo aperta, e já não se vêem aliados, não há reforços chegando, deixou de existir comunicação com as tropas, sem auxílio médico, e percebe-se que as linhas de ataque inimigas já estão bem perto, muitos saem da trincheira gritando, atirando para todos os lados, numa tentativa desesperada, só para serem alvejados... Outros abandonam as armas, levantam as mãos e se entregam. Serão prisioneiros...
Embora para alguns a fuga sugira covardia, para outros ela pode ser estratégia. Pode ser a chance de procurar outras batalhas, ou de recomeçar a mesma com outras perspectivas. Para alguns pode até mesmo fazer parte do plano original ter uma rota de fuga pensada. É a corrida desesperada, sem olhar pra trás, por um caminho obscuro, até que se chega ao ponto de segurança, com o peito arfante, os sentimentos confusos e imagens claras dos erros que cometemos...
Uma volta ao passado, quando estamos numa batalha dura e praticamente perdida, pode ser uma rota de fuga para voltar e lutar melhor depois... Quando olho pra esta pessoa se balançando, volto ao passado de um momento seguro. Eu era leve (sem o peso das preocupações e responsabilidades) e era amado (fizeram um balanço pra mim). Nesta fuga não revisito os momentos ruins, mas os gostosos. São lugares que sinto falta, são acontecimentos que me fizeram sentir acarinhado, são fatos engraçados da vida, são rostos de pessoas que amo...
Não fujo pra nunca mais voltar. Programo meu tempo lá nos dias de ontem. Minha máquina do tempo pode ser um velho álbum de fotos, cartas, filmes ou conversas com quem estava lá também. Minha máquina do tempo pode ser uma música que estava guardada no fundo do baú do pensamento. Ativo minha máquia, escolho as datas e os acontecimentos e de lá tiro forças e certezas que me escaparam na trincheira, debaixo do fogo pesado dos desafios, dos fracassos, das palavras impróprias, dos erros e da omissão.
Lá no passado, redescubro meu potencial, lembro que momentos duros já me cercaram antes, e posso sentir de novo o gosto da vitória, pois nos dias de ontem, venci muitas batalhas. Não posso correr o risco de esquecer este sabor... Talvez mais importante ainda, seja lembrar que sofri derrotas, mas que aquele sentimento de dor passou, e que sobraram as lições. No passado, como em uma biblioteca, abro os velhos volumes e releio os passos dados. Não me comparo com outros, mas tenho a oportunidade de me comparar a mim mesmo, e saber que sou forte o suficiente para voltar e lutar...
Depois disso, programo em minha máquina do tempo a viagem de volta. Retorno à batalha alimentado, com munição suficiente, com minha tropa recomposta e com mais conhecimento do terreno. Pode até ser que eu precise fugir de novo, mas uma coisa é certa: em minha cabeça fugir e desistir são coisas completamente diferentes.
Volte ao passado de vez em quando. Volte a ele mas não seja um prisioneiro dele. Use suas melhores lembranças. Balançar em uma árvore firme, sentindo o vento no rosto, e ouvindo o ranger das cordas me lembram que fui (e sou) amado, que existem bons momentos, que tenho potencial e que posso sempre me superar... Basta olhar pra trás e ver as coisas DE UMA OUTRA FORMA... Pense nisto.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

A desejada (ou indesejada) fórmula "como fazer"

Não sei dizer a quantidade de livros que encontrei em minha última visita a uma livraria, que traziam em seu título a fórmula "como...". São dezenas de manuais de faça fácil, que seguem a linha como fazer, como organizar, como obter, como entender e outros. Parece haver um público sempre ávido por este tipo de informação, na maioria das vezes direta, e aparentemente de fácil aplicação. Alguns parecem acreditar que estes compêndios são realmente fórmulas mágicas, remédios de ação imediata. Alguns livros chegam mesmo a parecer um manual daqueles que acompanham os produtos eletrônicos, tão objetivos, diretos e sequenciados.

Entendo que para aqueles que são atormentados por um estilo de vida do qual se sentem prisioneiros, ou para aqueles que desejam mudanças reais no trabalho, na forma de estudar ou no jeito certo para realizar algo, estes livros possam ser um bom indicativo de um caminho a seguir. Há também aqueles que precisam ouvir, de alguma fonte segura, que existe solução possível para suas angústias e desejos, e entendo que existem entre estes livros, muitos que são escritos com base em um boa experiência de vida e em valores e princípios seguros.

A fórmula "como fazer" desejada por muitos, e indesejada por outros, talvez seja a maneira de tentar DE UMA OUTRA FORMA. Alguns estudiosos não gostam destes manuais, os classificam com auto-ajuda, como simples camuflagem para os problemas. Claro, além dos livros desta linha que realmente nada acrescentam, é preciso tomar cuidado. Dicas, exemplos, histórias motivadoras, boas idéias e exercícios válidos que os autores apresentam não são, em nenhum caso, substitutos para o aprendizado concreto, para a reflexão profunda e para a experiência de vida. Aprendemos vivendo, fazendo, errando... Mas com boa dose de equilíbrio e bom senso, estes escritos não são nenhum veneno.

Selecione bem os autores. Claro, existem muitos assuntos que não interessam a todos, então, selecione o que lhe interessa. Seja crítico. Só pelo fato de ter escrito um livro, o autor não é dono da verdade. Faça um exercício de reflexão sobre a época, o contexto e a cultura. Muitas coisas funcionam tão bem aqui como no Japão, outras não. Use seu discernimento.

Pense em quantas vezes usamos, e em quantas vezes ensinamos muitas coisas com esta fórmula. Pra muita gente, elas são muito importantes, e para muitos autores, elas são o fruto de um trabalho feito com amor. São apenas diferentes dos nossos livros científicos, e são um pouco mais reais do que nossos livros de ficção, de literatura. São auxilios, são presentes, são dádivas que nos são dadas DE UMA OUTRA FORMA. Pense nisto.

sábado, 15 de março de 2008

Carpe Diem

Vou tomar emprestado, para o título desta postagem, esta frase do poema de Horácio, com todo respeito, para falar da mesma coisa, porém DE UMA OUTRA FORMA. A idéia de aproveitar o momento é forte em muitas culturas, desde a antiguidade. Não é diferente na história bíblica e na filosofia cristã, mas tem uma conotação bem diferente desta visão de "tempo é dinheiro" de nossos dias...

Quando penso em Carpe Diem, penso em satisfação. Penso em fugir da mesma coisa sempre e sempre... O eterno "mais do mesmo" que nos persegue. As vezes é frustrante fazer todo dia a mesma coisa, a mesma coisa todo dia. Fazemos a mesma coisa por não termos outra coisa pra fazer, ou por acreditar que não temos outra coisa pra fazer. Fazemos a mesma coisa enquanto sonhamos com outra coisa que queríamos fazer. Fazemos a mesma coisa enquanto outros fazem outra coisa, que aos nossos olhos é aparentemente melhor. Fazemos a mesma coisa pra pagar as contas e comprar outras tantas coisas... Fazemos a mesma coisa porque as pessoas em volta não esperam outra coisa de nós.

Um dia porém, as coisas mudam. Fazemos uma outra coisa! Gostamos disso! E fazemos outra coisa de novo. E depois, pra provar que rompemos definitivamente com a mesmice, fazemos a outra coisa muitas vezes mais. Ao fazer isso mais e mais, sentimos um certo pressentimento de já ter vivido isso antes, a sensação da mesma coisa... Mas nos confortamos pensado que "deve ter sido uma outra coisa qualquer".

Vivendo assim fica difícil ter satisfação verdadeira. Por isso gostaria de dividir com você minhas idéias sobre o que seja colher o dia, aproveitar o momento (que é a tradução comum de carpe diem). Acredito que colher o dia, aproveitar o momento de forma plena, começa com uma atitude que é ALEGRIA. E alegria do tipo "apesar de". Não é alegria nas circunstâncias, de acordo com as pessoas, com a saúde ou com o tempo. É alegria apesar de tudo isso. Alegria como escolha, alegria como estilo de vida. Alegria como uma determinação de não desanimar, de agir como quem connhece o futuro através de promessas ricas e de ideiais futuros firmes e constantes. Alegria que só tem quem vive por princípios sólidos. Uma atitude assim já torna cada despertar, cada abrir de olhos, cada novo dia em um novo desafio, em uma nova oportunidade. Esse é meu primeiro passo.

Depois, pra aproveitar bem o momento, vem o PRAZER. Isso mesmo! Sentir a satisfação ao fazer suas atividades, e mais: buscar ativiadades que tragam satisfação. O prazer é uma sensação gostosa. Divertimento é a chave. As crianças aprendem assim, se divertindo. Penso que todos podemos nos divertir mais, brincar mais com as pessoas, fazer trocadilhos, contar pequenas piadas, bagunçar os cabelos, desenhar caricaturas engraçadas, ironizar um pouco as situações. Divertir-se é meu segundo conselho.

REALIZAR nossos projetos com uma importante consideração: diferenciando o que sé é daquilo que se faz. Assim, quando um plano não der certo, teremos a consciência de que não fomos nós como pessoas que demos errado, mas simplesmente um plano. Assim estaremos livres pra realizar mais, pra tocar mais projetos, pra fazer mais e errar mais, acertar mais, envolver mais gente. Colher o dia tem muita ligação com as coisas que realizamos durante as 24 horas que ganhamos de presente sempre que abrimos os olhos.

Aproveitar o momento é aproveitar um pouco dos OUTROS, da presença deles, da sabedoria deles, das piadas, dos abraços, dos erros, das oportunidades que cada pessoa esconde no simples fato de existir. Deus criou cada pessoa com potencialidades fantásticas, e por isso cada pessoa, por mais simples que possa parecer, é uma oportunidade rara de descobrir e de sentir novas e lindas emoções. Não perca nenhuma das oportunidades que cruzam o seu caminho materializadas em pessoas.

Pra aproveitar o momento, para colher o dia, esteja atento as suas VONTADES. Muitas delas são legítimas, são morais, são saudáveis. Seja o seu próprio gênio da lâmpada de vez em quando. Conceda a si mesmo um presente, um sorvete gostoso, aquele livro que você anda namorando a tanto tempo. Vá a lugares que marcaram sua infância, se dê o tempo pra matar a saudade dos amigos. As vezes, até uma pequena loucura que você sempre desejou fazer, como escorregar em um gramado numa folha de papelão ou dar uma volta na montanha russa, que quando criança não teve oportunidade ou coragem... Faça suas vontades, aproveite.

Para que o dia não se transforme em horas tediosas, EXPLORE. Novidades pipocam à nossa volta o tempo todo. Vá a encontros, palestras, eventos. Leia, ouça o radio, ouça as pessoas no ônibus, pesquise. Não almoce todo dia no mesmo lugar, nem compre pão sempre na mesma padaria. Não fique só em um círculo reduzido de amigos, faça muitos mais. Lembra da mesma coisa todo dia?

INOVAÇÃO é outro instrumento da colheia plena do dia, da satisfação de aproveitar o momento. Seja ousado e seja diferente. Surpreenda as pessoas. Faça um curso de artes, tenha um hobby, vá ao zoológico, ao aquário, ao orquidário, aos parques e veja como a natureza é inovadora, como Deus soluciona os problemas de forma criativa através da natureza. Aprenda a lição de fazer as coisas por caminhos diferentes. Nem sempre o mais prático é o mais divertido.

Aproveitar seu dia passa pela questão do TEMPO. Estabelecer prioridades é assunto que já ouvimos muito. Pense naquilo que é importante, prazeroso e essencial.

Para que você desfrute cada momento, pra que aprecie sua vida, procure não só APRENDER, como APREENDER as belas coisas da vida. Estudando você forma um tesouro imaterial, que é muito mais valioso do que ouro. Apreender é colocar dentro de você histórias, fatos, cultura, crenças, princípios e promessas que são chaves pra todas as situações da vida. Estude...

Por fim, REFLEXÃO. Pra colher seu dia, é preciso investir tempo na prática da meditação, da oração. Busque sua identidade, amando e valorizando quem você é.

Estas dez dicas são minha forma de entender o que podemos fazer para desfrutar ao máximo cada momento. Na minha forma de ver e entender, é isso que Horácio queria dizer em seu poema, é isso que muito sabedoria clássica proclama, é isso que Cristo pregava em suas parábolas. O que complementa isso vem de fora. São DÁDIVAS que as pessoas, que o mundo nos oferece. Precisamos saber aceitar estas dádivas. São INCENTIVOS que chegam até nós todos os dias, e são AMIZADES que não podemos deixar de desfrutar.

Aproveite seu dia. Pense nisto, com carinho e procure viver suas 24 horas DE UMA OUTRA FORMA.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Preconceito versus Desaprovação

O substantivo masculino preconceito imediatamente transmite a idéia de um conceito antecipado sobre algo ou sobre alguém. O ato de conceituar implica em classificar e definir, e sendo assim, o preconceituoso define algo ou alguém como bom ou não, como aceitável ou não, como certo ou não de forma adiantada, e como é próprio da definição do substantivo preconceito, esta opinião é formada sem muita reflexão.

Em alguns dicionários o termo é também entendido como discriminação racial. De fato, em função dos acontecimentos que construiram a história de muitos países, a cor negra da pele foi associada com inferioridade, incapacidade, ignorância e muitas vezes entendida até mesmo como algo repugnante. Tudo isto em função de um conceito antecipado, de uma opinião formada sem reflexão, somada aos interesses de alguns. O efeito perverso é que embora a escravidão tenha sido abolida, a idéia construída, de forma antecipada e irrefletida, permanece na mente de muitos como verdade absoluta.

No bojo do preconceito, no que se refere às pessoas, entram também as quetões da classe social a que pertecem, da região onde vivem, da família em que nasceram, do parentesco com alguém de conduta duvidosa ou do tipo de trabalho que executam.

Em um outro aspecto sofrem preconceito os que apresentam alguma doença, deformidade em função de uma acidente e também aqueles que têm alguma deficiência física ou mental. Uma pessoa assim é vista como incapaz, como alguém que dá apenas trabalho, improdutiva e digna de pena.

Felizmente muita coisa tem mudado. O combate ao preconceito tem sido vitorioso em muitos sentidos, e a visão das pessoa têm mudado. As "minorias" se unem e buscam seu direitos, e uma geração que estuda, que está atenta as mudanças que ocorrem no mundo refletem sobre o passado, reformulam idéias e contribuem para uma mudança de paradigma social.

Porém, me preocupa um fato. Na luta contra o preconceito, as pessoas parecem estar colocando no mesmo bojo, de forma equivocada, a desaprovação. Está cada dia mais difícil se posicionar contra algo que vai de encontro com o que acreditamos ser correto. Não podemos mais desaprovar o que nos contraria. Diariamente valores e comportamentos distorcidos e nocivos são empurrados para dentro de nossas casas, e quando não os aceitamos corremos o risco de sermos tachados de preconceituosos. Assim, escolhas contrárias aos princípios éticos, comportamentos contrários à criação de Deus e à natureza são livremente praticados e incentivados. Coisas que até bem pouco tempo escandalizavam a família e a sociedade (e que a meu ver continuam a escandalizar) nos são impostas pela mídia e por seus praticantes, que julgando terem o direito de proceder como bem entendem, promovem eventos, divulgações incessantes e passeatas que visam convencer que o que é aceito por eles deve também ser aceito por todos. Práticas que agridem o corpo e a saúde, a ética e a moral, as relações sadias e a filosofia cristã...

Como a proposta aqui é sempre pensar DE UMA OUTRA FORMA, vamos repensar nosso entendimento sobre preconceito. Pra começar, o fato de desaprovar uma conduta ou uma orientação equivocada não quer dizer que odiamos a pessoa que assim procede. Não estamos falando da cor da pele, da doença ou do status, alvos do preconceito odioso que deve sim ser combatido, mas das escolhas e atitudes infelizes, motivadas por ignorância ou distorção dos princípios e pela busca desenfreada pelo prazer e aceitação, que ferem e prejudicam a moral, o corpo e a alma. Repense a questão e não deixe de desaprovar o que é errado (com base cultural, moral, social, sentimental e cristã) por medo de ser tachado de preconceituoso.

Além do mais, pensando de UMA OUTRA FORMA, deduzir e cunhar aqueles que se orientam por valores e princípios tradicionais, por uma crença cristã e que vivem de acordo com o que acredita de retrógrado também pode ser uma opinião formada sem base e sem reflexão, também pode ser um conceito antecipado, também pode ser (e quase sempre é) preconceito. Pense nisto.