sábado, 8 de novembro de 2008

Para bom entendedor...



Imagine a história a seguir. Mas imagine mesmo. Use todos os seus sentidos para formar um quadro mental bem vivo. Visualize cores, sinta os aromas e cheiros, procure imaginar a textura dos objetos e ouvir os sons de cada ambiente da história. Procure enxergar os rostos, os olhares e até mesmo sentir o calor das pessoas. Deixe que os sentimentos dos personagens vibrem em você. Por favor, procure fazer isso para aproveitar ao máximo esta história. Ou, em outras palavras, procure aprender desta história DE UMA OUTRA FORMA...

Um certo alguém tinha (ou tem) uma amigo chamado Alonso. Era (ou é) um amigo de muito tempo. Sabe aquelas pessoas que estão na nossa vida de forma tão intensa e tão constante que a gente nem sabe bem quando nossa amizade começou? Alonso era uma destas pessoas na vida deste alguém.

Se existe uma palavra que descreva bem Alonso, essa palavra é CHATO. Alonso era (ou é) muito chato. Ele diz coisas inoportunas, aparece nos momentos mais inadequados e não vai embora nunca... Ele enfatiza defeitos, conta cenas constrangedoras do passado, ridiculariza valores e fala mal das pessoas que fazem parte de seu dia a dia. Alonso fala alto nas festas, bate nas costas dos outros com tapas fortes e barulhentos, e nos restaurantes ou pizzarias chama atenção com piadas completamente inadequadas... Mesmo assim, alguém é amigo de Alonso.

Alonso nunca ajuda em nada. Ele nunca participa daqueles mutirões de pintura na casa nova de um amigo, nem da "vaquinha" pra pagar a pizza. Quando uma festa acaba, Alonso não faz o tipo discreto que vai embora um pouco antes para não ajudar na limpeza. Ele é aquele que se joga no sofá (com mãos sujas de gordura dos salgdinhos servidos e com um copo prestes a derramar refrigerante nas almofadas) e fica observando você limpar tudo. Algumas vezes ele reclama quando você pede que ele levante os pés para que possa passar a vassoura... Mesmo assim, alguém continua amigo de Alonso.

Se existem momentos de dor, Alonso nunca presenciou um. Ele é aquele tipo de amigo que não vai a velórios, não está presente na sala de espera de um hospital e não visita ninguém que esteja doente ou triste. Nas formaturas, Alonso é aquele que chega após a entrega dos diplomas, só para seguir a família até o local da festa... Mesmo assim, alguém insiste em ser amigo de Alonso.

Já viu aquelas pessoas que precisam muito de ajuda? Alonso é o primeiro da lista dos mais ajudados do mundo. Ele precisa que alguém o pegue em casa para as excursões ou passeios da turma, porque não consegue chegar a tempo. Ele precisa que alguém o ajude a escolher suas roupas, que o ajudem a fazer seus trabalhos de faculdade e precisa sempre de conselhos para seus problemas de trabalho. Alonso precisa de ajuda com as brigas que arruma, e precisa de dinheiro emprestado quase sempre (e quase sempre ele paga...). Alonso é completamente dependente. Mesmo assim, alguém desafia a lógica para ser amigo de Alonso.

Não dá pra dizer que Alonso era (ou é) uma pessoa legal. Ele não era (e não é). Sofria (ou sofre) de ataques terríveis de humor, ficava (ou fica) chateado por qualquer coisa. Meio rancoroso, um tanto ranzinza, sempre mandão. As coisas tinham que acontecer no seu tempo, do seu modo. Ele era (ou é) o tipo de amigo que vê nos outros uma interminável fonte de satisfação (de seus desejos e vontades, é claro). Mesmo assim, alguém contrariava toda a razão para ser amigo de Alonso.

No aniversário dos amigos, Alonso incomodava as pessoas. Ele não tinha discrição e não sabia o que era bom senso. Alonso não tinha (e não tem) dinheiro, então levava nos bolsos pratadas de salgados e doces, pedia um pedaço enorme do bolo (que ele mesmo cortava, e algumas vezes antes do aniversariante cortar...) e sempre subia em uma cadeira e gritava por alguém que pudesse dar uma carona até a porta de sua casa. Ele sempre dava um jeito de envergonhar seu amigo mais próximo. Mesmo assim, contra todas as leis da natureza, alguém permanecia amigo de Alonso.

Já no aniversário de Alonso, adivinha quem comparecia? Alguém que sempre insistia e perseverava em ser amigo de Alonso... Sabe-se lá por que...

Alonso não sabia (e não sabe) confortar, nem incentivar. Alonso não sabia (e continua não sabendo) aconselhar e muito menos defender alguém. A amizade de alguém era sempre (e é) muito boa para Alonso, mas a amizade de Alonso (convenhamos) nunca foi muito boa pra ninguém...

É uma história terrível, não? Ela faz pensar no quanto este amigo de Alonso é valoroso, e em como ele (ou ela) é bom, de coração aberto e mente iluminada. Mas eu queria sugerir que você pensasse DE UMA OUTRA FORMA. Imaginar que é difícil ser amigo de Alonso é muito fácil, difícil é se imaginar sendo um Alonso. Isso mesmo! Ter amigos é algo fascinante, mas ser um amigo (bom amigo ou boa amiga) é essencial para a felicidade (nossa e dos outros) e um fantástico modo de obter vitória, realização e de deixar um legado sólido, positivo e impactante.

Há um ditado que afirma que para o bom entendedor, uma palavra basta, ou que um pingo é letra. Então, pense: você está (ou esteve) sendo o Alonso da vida de alguém? Quantas vezes você tem sido como este Alonso da história (Existem outros Alonsos que são amigos maravilhosos) e sido uma amigo difícil de engolir? Repense suas atitudes, suas palavras e seu comportamento dos mais variados momentos. Seja alguém que irradia positividade, que atraia as pessoas com seu carinho desprendido e com sua forma leve de viver. Cuide de você e acredite: a melhor maneira de ter amigos, carinho, amor e sucesso é sendo uma pessoa fácil de gostar, com toda sinceridade e leveza. Seja esta pessoa. Pense nisto.

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