quarta-feira, 16 de abril de 2008

A desejada (ou indesejada) fórmula "como fazer"

Não sei dizer a quantidade de livros que encontrei em minha última visita a uma livraria, que traziam em seu título a fórmula "como...". São dezenas de manuais de faça fácil, que seguem a linha como fazer, como organizar, como obter, como entender e outros. Parece haver um público sempre ávido por este tipo de informação, na maioria das vezes direta, e aparentemente de fácil aplicação. Alguns parecem acreditar que estes compêndios são realmente fórmulas mágicas, remédios de ação imediata. Alguns livros chegam mesmo a parecer um manual daqueles que acompanham os produtos eletrônicos, tão objetivos, diretos e sequenciados.

Entendo que para aqueles que são atormentados por um estilo de vida do qual se sentem prisioneiros, ou para aqueles que desejam mudanças reais no trabalho, na forma de estudar ou no jeito certo para realizar algo, estes livros possam ser um bom indicativo de um caminho a seguir. Há também aqueles que precisam ouvir, de alguma fonte segura, que existe solução possível para suas angústias e desejos, e entendo que existem entre estes livros, muitos que são escritos com base em um boa experiência de vida e em valores e princípios seguros.

A fórmula "como fazer" desejada por muitos, e indesejada por outros, talvez seja a maneira de tentar DE UMA OUTRA FORMA. Alguns estudiosos não gostam destes manuais, os classificam com auto-ajuda, como simples camuflagem para os problemas. Claro, além dos livros desta linha que realmente nada acrescentam, é preciso tomar cuidado. Dicas, exemplos, histórias motivadoras, boas idéias e exercícios válidos que os autores apresentam não são, em nenhum caso, substitutos para o aprendizado concreto, para a reflexão profunda e para a experiência de vida. Aprendemos vivendo, fazendo, errando... Mas com boa dose de equilíbrio e bom senso, estes escritos não são nenhum veneno.

Selecione bem os autores. Claro, existem muitos assuntos que não interessam a todos, então, selecione o que lhe interessa. Seja crítico. Só pelo fato de ter escrito um livro, o autor não é dono da verdade. Faça um exercício de reflexão sobre a época, o contexto e a cultura. Muitas coisas funcionam tão bem aqui como no Japão, outras não. Use seu discernimento.

Pense em quantas vezes usamos, e em quantas vezes ensinamos muitas coisas com esta fórmula. Pra muita gente, elas são muito importantes, e para muitos autores, elas são o fruto de um trabalho feito com amor. São apenas diferentes dos nossos livros científicos, e são um pouco mais reais do que nossos livros de ficção, de literatura. São auxilios, são presentes, são dádivas que nos são dadas DE UMA OUTRA FORMA. Pense nisto.

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