sábado, 17 de dezembro de 2011

Resplandecer

Algumas palavras muito importantes e muito significativas acabam por ser muito pouco usadas por nós. Dentre estas palavras especiais, está uma que outro dia me veio a mente ao ler um texto bíblico: RESPLANDECER.
Há uma música de Aline Barros com este tema, que diz em sua letra "...ser como Davi, ser como Jesus, ser luz e resplandecer na escuridão...". Algo que resplandece chama a atenção, faz com que os olhos se voltem pra luz, e principalmente em um mundo escuro, pessoas que resplandeçam são extremamente necessárias.
Fui ao dicionário para tentar pensar DE UMA OUTRA FORMA sobre esta palavra, e encontrei além do significado real e figurado, alguns sinônimos que ampliram minha visão e contribuiram em muito para esta reflexão. Resplandecer significa luzir, brilhar intensamente, rutilar. No sentido figurado, quem resplandece é aquele que se sobressai, que torna-se notável, que é engrandecido. Resplandecer têm com sinônimos cintilar, brilhar, fulgurar (e fulgurante é algo próprio das estrelas). Radiante é também um sinônimo de resplandecer, que me faz pensar em distribuir, compartilhar a luz que recebe.
De certo modo, fomos criados para resplandecer, para superar as expectativas. Fomos destinados a buscar por excelência, a ter conteúdo que valha a pena, a fazer diferença. Devemos fazer isso pelo simples fato de ter nascido pra isto, e não por resultados ou por motivação frívola. Precisamos tomar cuidado com o modo acanhado de pensar e começar a sonhar alto, pensar grande.
O texto bíblico que me fez pensar em resplandecer foi o versículo 16 do capítulo 5 do evangelho de Mateus. No grande sermão da montanha, Jesus declara, nos versículos 14 e 15, que seus discípulos são a luz do mundo, e que não devem ficar escondidos, mas se colocarem em lugares onde possam levar luz aos outros. Então, no versículo 16 Ele diz que nossa luz deve brilhar diante dos homens, para que vejam nossas boas obras e glorifiquem a Deus.
Durante todo o ano observando e conversando com muitos alunos da escola onde trabalhei, observei que existem algumas coisas que podemos fazer para resplandecer. Podemos e devemos fazer estas coisas, tomar estas atitudes, colocando-as no lugar de muitas coisas que fazemos que nos fazem quase invisíveis. Se o desejo de Jesus pra nós é que brilhemos, podemos com a ajuda dEle dar alguns passos e resplandecer de verdade.
A primeira coisa que devemos fazer é procurar realçar nossos pontos fortes. Todos nós temos algo que fazemos bem, que gostamos de fazer. Todos nós temos um talento, uma inclinação, um jeito ou dom especial que nos destaca. Procuremos fazer disto nosso cartão de visita. Vivemos em um mundo que parece promover o erro. Parece ser cultural mostrar pontos fracos, como se fóssemos vítimas de nós mesmos, ou então tentar obter atenção de forma agressiva, fazendo o que é errado. Mudemos isso! Fazendo aparecer nosso melhor, realçando o melhor que temos!
Devemos encantar as pessoas e a nós mesmos! Usar a emoção e agir com um pouco mais de sentimento diante das situações. Aprender a ver a beleza das pequenas coisas e, como crianças, seguir o conselho de Rubem Alves, que diz que as crianças olham para as coisas com olhos encantados. Quando nos encantamos com as coisas e com as pessoas, de forma quase automática nos tornamos encantadores e resplandecemos. Acredite! Funciona mesmo!
Selecionar o que é verdadeiramente bom é o próximo passo. Escolher estar nos melhores lugares, aprender a dizer não para aquilo que não é excelente, que é vazio e que só vai roubar nosso tempo. Não precisamos ver qualquer filme, ouvir qualquer piada ou falar qualquer besteira quando podemos ouvir lindas músicas, palestras estimulantes, ler histórias fantásticas ou assistir a filmes sensacionais! Selecionar o que é melhor, e se recusar a receber menos do que merece, e a fazer tudo com um espírito excelente é distintivo do ser que resplandece.
Aprender a partilhar tudo é outra atitude de quem ilumina os outros. Abrir as mãos para que o que temos se espalhe e para que novos presentes possam ocupá-las. É uma espécie de lei natural: quando você espalha as sementes, multiplica infinitamente suas provisões. Se você tostá-las e comer, terá apenas ganho uma refeição.
Preparar um legado legítimo, honroso e digno para se deixado faz com que sua vida brilhe diante dos homens. É perguntar o que você vai deixar quando for embora. E não falo daquele "ir embora definitivo" que é a morte. Falo das pequenas ausências a vida também. O que você deixa quando se despede dos colegas de trabalho? Que sentimento fica quando bate o sinal da última aula e você vai pra casa? O que seus colegas sentem com sua ausência? O que você deixa por onde passa? Esperança? Inspiração? Amizade? Saudade? Deixar um legado legítimo e positivo faz você brilhar.
Viver em abundância em um mundo de escassez é também muito importante para fazer diferença. Não precisa ser rico. Você pode dispor de muitos outros bens como humor abundante, alegria abundante, amizade abundante. Você talvez não resolva os problemas do mundo, mas pode matar a fome de uma pessoa por um dia. Pode não trazer alegria perene para as nações, mas pode levar consolo ao um amigo que sofre. Pode não vestir todos os miseráveis da cidade, mas pode poupar uma garotinha de uma noite congelamente. Mentalidade de abundância, de ser abençoado faz de você alguém radiante.
Nutrir-se é fundamental. Nutrir o corpo e a alma. Cuidar da alimentação, do brilho dos olhos, da energia da voz, da força das mãos. Comer bem, descansar adequadamente, exercitar-se bem. Nutrir a mente com estudo e a alma com meditação, oração e adoração. Coisas simples, mas que se negligenciadas podem apagar a luz que rutila na escuridão e fazer com que você perca o caminho correto.
Quem deseja ser fulgurante não pode deixar de desafiar-se! Diga todos os dias a si mesmo que pode fazer melhor, que pode fazer mais! O segredo é pensar em superação e em fazer sempre um pouco mais do que aquele famoso "assim já está bom". Quando paramos no "bom" estamos a um passo do excelente! Só mai um pequeno esforço, só mais um pequeno detalhe... Desafie-se! Faça mais! Desafie os outros a darem o melhor. Fazendo isso você, e quem aceitar seu desafio, brilharão intensamente.
Jesus disse que a luz deve ser posta em um lugar de destaque para que a casa seja iluminada, e não debaixo da mesa ou de algum objeto... Aprenda a expor-se, a mostrar-se, a colocar-se na frente e a ser exemplo. Diga "eu quero!", diga "eu vou!", diga "eu estou aqui!". Expor-se deve indicar que você não tem do que se envergonhar, e suas obras são reflexos de um caráter íntegro. Podemos até não nos orgulhar muito de nosso passado ou de algumas coisas que já fizemos, mas daqui pra frente, desafiados a resplandecer, devemos viver de forma a ficar longe do erro que nos faz querer nos esconder com vergonha, e sim fazer coisas dignas que nos façam desejar ser vistos para que Deus seja glorificado pelo que fizermos em Seu nome!
Busque capacitar-se todos os dias, com novos conhecimentos, com novos amigos, com novas oportunidades. Coopere com o bem e não cruze os braços quando puder compartilhar algo para fazer coisas boas acontecerem.
Busque energizar a si e aos outros através de relacionamentos ricos, de momentos de inspiração e pela prática dos conselhos acima. O bom exemplo de outros e as realizações incríveis de muitos que já passaram por este mundo são excelentes para carregar nossa bateria de desejo por realizações.
E, por fim, realize. Não fique só no "eu concordo com tudo isto". Faça algo prático, agora mesmo. Para resplandecer é preciso estar aceso, iluminando, queimando, vibrando e FAZENDO. Comece agora. Faça a diferença. Pense nisto.

Eu recomendo

No filme UP – Altas Aventuras, há uma frase que se repete ao logo da trama e que é um dos temas motivadores da história: a aventura está lá fora! Gostei muito da abordagem do teólogo Robert Velarde, comentando sobre este filme cativante da Pixar. Velarde percebe, sutilmente, que embora só em idade avançanda o personagem principal saia com sua casa voadora para experimentar o gosto dos sonhos sendo realizados, durante toda a sua vida, em seu trabalho, casamento e nas pequenas coisas do cotidiano, ele viveu altas aventuras.
A maioria de nós é como Karl Friderichsen, o velho rabugento que pensa ter passado pela vida sem sentir o sabor da aventura, quando na realidade passou por momentos fantásticos de alegria, de aprovação, de descoberta e de sonho. Aproveitando a ótima história da Pixar e a fantástica análise de Robert Velarde, quero recomendar a você experimentar altas aventuras DE UMA OUTRA FORMA!
Viaje. A primeira coisa que eu recomendo é que você amplie seu mundo. Saia de onde você está e conheça outros lugares. Não precisa ser uma viagem longa e nem um lugar famoso e caro. Pode ser para uma cidadezinha pacata, para uma fazenda ou um passeio em um local histórico. Você pode até mesmo ir para um lugar onde não conheça ninguém, e passar alguns momentos andando por ruas que não conhece, provando coisas diferentes e conhecendo pessoas que talvez você nunca mais veja...
A noção da amplidão do mundo e da multiplicidade de possibilidades é um caminho excelente para experimentar aventuras e dar sabor e colorido a vida. Lembro-me de ter conhecido lugares lindos, como as cataratas. Quando subi o rio em um potente barco do macuco safari, e o piloto nos levou bem para o centro do local onde as águas caiam, num som ensurdecedor e com um show de cores pelos raios do sol no prisma das gotas e vapor d´água, eu alimentei meu coração com a certeza do poder de Deus, da beleza do mundo, da vibração da vida e experimentei a sensação boa de ser abençoado pela oportunidade de estar ali.
Em outra oportunidade, quando trabalhava com o projeto do clube de desbravadores, fui a uma cidadezinha do interior de minas. Praça, igreja e pequenas ruas... Andei por ali, sentei no banco da praça, olhei os senhores idosos em sua marcha lenta e paciente. Experimentei a cordialidade e hospitalidade das pessoas em toda a sua simplicidade. Senti que a vida pode ser extremamente satisfatória mesmo quando vivida em alguns poucos quarteirões, cercados de verde, de pequenas hortas, de escola no fundo da igreja e de lojas que ficam abertas sozinhas enquanto os donos vão até em casa tirar os netinhos da cama.
Estive em outros estados e descobri meus semelhantes sendo diferentes no jeito de falar, mas exatamente iguais nos sonhos e desejos. Fui agraciado com a oportunidade de conhecer outros países, estar em lugares onde a história deste mundo foi mudada e que nos conduziu a muito do que somos e temos hoje. Em cada lugar, altas aventuras, perto ou longe, diante de uma enorme beleza natural ou de uma serena pracinha com palmeiras, o mundo expandido faz de você alguém maior. Viaje, e lembre-se da máxima de UP: a aventura está lá fora.
Abrace. Uma vez que você já expandiu seu mundo, você tem a oportunidade de torna-lo terno. Viva a aventura de tocar e deixar-se ser tocado. Abrace afetuosamente as pessoas que são importantes pra você. No começo pode parecer desconfortável pra você, e depois talvez seja embaraçoso e até estranho para os outros, mas logo se torna natural. Comece e você verá.
As pessoas tem texturas diferentes, temperaturas distintas e cada uma delas tem um perfume que lhe traz o sentimento gostoso da multiplicidade. Estes aromas e formas diferentes, combinados em muitos abraços energizam você. Experimente!
Se entregue completamente. Claro que não pra moça que está te vendendo sapatos e nem pra o rapaz do correio que vai lhe entregar uma encomenda. Não estou falando de entrar no ônibus e ao olhar para o motorista e contar toda a sua vida pra ele. Mas quando falamos de amigos próximos, da pessoa que compartilha a vida com você, do irmão que nunca te abandona ou dos pais apaixonados e filhos amados, ai sim o exercício da entrega é algo fundamental que eu recomendo muito e com veemência.
Se entregar é confiar. Contar as coisas que passam pela cabeça, deixar que o outro conduza você de vez em quando, falar das lembranças da infância sem medo, provar o que o amigo lhe traz, aceitar favores sem pensar em “ficar devendo”, expressar suas frustrações, rir das piadas sem graça e contar outras piores ainda.
Eu fazia isto com maestria em minha adolescência. A gente se deitava debaixo da sobra de uma árvore, quando em fazia o ensino médio, e um monte de amigos, cada um fazendo do outro seu travesseiro, formando uma coisa parecida com uma centopeia, fica horas desfiando sonhos, problemas de casa, preocupações com as notas, falando da fome e da vontade de comer coisas diferentes, rindo de coisas bobas, e simplesmente curtindo o calor daquele momento, seja pela presença do amigo que admira ou pela oportunidade de segurar a mão da pessoa que fazia o coração acelerar... Totalmente entregues, sem defesa e em extrema confiança. Nada de pensar em ser passado pra trás, em ter um segredo revelado, em cobrar aquele R$ 1,00 que comprou balas pra todos... Muitas destas pessoas a quem nos entregamos e que se entregaram a nós partem e não voltam mais, mas as lembranças delas são as mais fortes e vívidas em nossa mente e coração, afinal elas nos proporcionaram altas e fantásticas aventuras e conferiram muito sabor as nossas vidas. Eu recomendo isso do fundo do coração...
As brincadeiras com meu irmão, no fundo do quintal, as visitas dos primos que comparavam seus brinquedos, a turma da faculdade que se esquecia do trabalho de sociologia contemporânea pra dar conselhos sentimentais para a colega que perdeu o namorado... Entrega aos outros e entrega completa a uma missão, a um projeto ou trabalho.
Assim como você se entrega a estas pessoas especiais, você pode se entregar, vez ou outra, àquilo que está fazendo, dando ao mundo uma boa dose de excelência. A muita experiência, os melhores recursos e um vasto conhecimento não conferem tanta excelência a um trabalho quanto a entrega total e irrestrita que podemos dar à sua execução.
Estude. Quando eu era pequeno, gostava de seguir a trilha das formigas que cortavam folhas nos canteiros de minha mãe. Elas passavam pela horta, atravessavam o muro, subindo e descendo por ele do outro lado como alpinistas, seguiam pelo canto da calçada e atravessavam a rua, naquele tempo rua sem calçamento, e entravam no terreno vago do outro lado. Em meio ao mato alto, eu via a trilha delas lá embaixo, limpinha e o constante movimento das formiguinhas indo e vindo, umas carregadas e outras iniciando a nova jornada para buscar mais um pedacinho da couve que minha mãe tinha plantado...
Algum tempo depois, na escola, vimos um formigueiro em atividade, mas num corte transversal, cercado por vidro, que nos permitia entender o que as formigas faziam lá embaixo. Vi os túneis, as câmaras, a forma como elas guardavam as folhas, e o local onde ficava a rainha. Enquanto a professora falava, explicando sobre a organização e o trabalho daquelas formiguinhas, eu imaginava as formigas que andavam pela trilha no canteiro lá de casa. No outro dia pela manhã, acompanhei de novo a trilha, e vendo a entrada do formigueiro, minha imaginação correu solta e criou histórias sobre a imensidão do reino que existia ali, bem pertinho da minha casa, poucos metros abaixo do campo onde eu jogava futebol, sem saber quanta complexidade e riqueza estavam sob nossos pés...
O conhecimento não roubou o meu encatamento pelo o trabalho das formigas. O conhecimento apenas o tornou mais profundo, mais intenso e real. Olhar para as coisas belas e poder, além de senti-las, entender como e porque existem é uma forma maravilhosa de saborear mais intensamente a vida. Por isso, eu recomendo que você estude sempre, muito e com prazer.
Conheça gente. Se você seguir meus conselhos de viajar, abraçar e estudar, vai conhecer muita gente. Vai achar alguns extremamente interessantes e outros muito irritantes. Vai se extasiar com a beleza de uns e achar outros meio sem brilho. Vai perceber que alguns falam tanto que chegam a perder o ar, e outros talvez o levem a pensar se realmente possuem voz.
O importante é que todas estas pessoas tem algum ingrediente para tornar sua aventura mais completa. Aproveite isso! Gente de todo o tipo está ao seu alcance nos ônibus cheios, nas filas de banco, no trabalho e na escola. Há gente correndo conosco no parque, disputando mesas nas lanchonetes lotadas, olhando você passar da janela e olhando seu perfil na internet por curiosidade simples de quem te achou ali por acaso, enquanto procurava outra pessoa.
Então, aproveite. Quando falo de conhecer gente não estou falando necessariamente de se apresentar, saber seu nome e começar um relacionamento ou estabelecer um convívio diário. Estou recomendando que você se torne um observador das pessoas, e que se maravilhe com a diversidade delas. Estou falando de ser agradável com aquela pessoa que você não vai ver mais, e aprender um novo jeito de colocar mostarda no seu sanduiche olhando o cara magro da mesa ao lado.
Conhecer gente é deixar rolar aquele papo despretensioso que começa quando o ônibus demora e que de repente se torna meio desabafo, meio lição de vida, meio aula de melhores lugares pra passar férias.
Conhecer gente é ficar na fila do banco admirando a paciência que aquela mulher tem com a filha inquieta que parece estar sendo mordida por todas as formigas do formigueiro da minha infância e aprender com ela a sucessão de estratégias que usa para entreter a filha a cada 3 minutos.
Conhecer gente é se encantar com o desenhista do parque municipal ou da feira livre, que sentado em um banquinho faz em minutos uma caricatura ou retrato perfeito, enquanto você leva quase meia hora pra desenhar uma casinha com uma cerca de riscos no quintal.
Conhecer gente é trocar ideias, ouvir opiniões, discordar e concordar completamente. É ouvir histórias, guardar lembranças, ser amistoso e sentir-se sem jeito por ter sido ajudado com tanto carinho por uma pessoa que você nunca tinha visto e talvez nunca mais vai voltar a ver.
Conhecer gente é evitar fazer o mesmo que aquela pessoa que te irrita faz, e procurar imitar aquela outra que você admira. Eu recomendo que você conheça gente, de todo tipo, e que aproveite cada momento. Ah, conhecer pela internet ou num programa de TV também vale, mas ao vivo é muito melhor.
Brinque. Brincar mesmo! Fazer palavras cruzadas e o jogo dos sete erros. Juntar os amigos em casa e ficar horas com um jogo de tabuleiro ou aquelas gostosas brincadeiras de adivinhação. Jogue água na esposa e corra pro quarto, esconda o travesseiro dela ou esconda bilhetinhos por toda parte, faça cócegas e saia do sério de vez em quando.
Sempre que posso brinco com as situações e com as pessoas. Na escola onde trabalhei em Uberlândia, sempre que pegava uma colega distraída eu me aproximava e a jogava no chão (e no dia da revanche uma turma me derrubou também). Sempre que está ao meu alcance procuro tornar as coisas mais leves, como por exemplo, junto com quem trabalha comigo, aposto pra ver quem termina suas tarefas primeiro. Isso torna o trabalho mais divertido, e faz com que as coisas que fazemos tenham mais significado.
Gosto de brincar com a imaginação. Se você é da mesma época que eu vai se lembrar de um desenho animado chamado carangos e motocas, onde os carros falavam e aprontavam muitas confusões (se você é mais novo, outro filme da Pixar, Carros, é um bom exemplo). Quando saio de carro, imagino que ele é como um daqueles personagens e brinco com isso. Os carros que tive todos tiveram seus novos, e o atual se chama Fortunato. Além dos carros, minhas bolsas também tem seu nome, e as três que uso agora são a Maristela, a Astride e Desirré. Brincar é ótimo para a saúde, para o tempo se tornar saboroso ao invés de penoso e para as pessoas se sentirem bem com sua presença.
Claro que você não precisa brincar como eu. Liberte a criança que existe em você e as brincadeiras surgirão, e o seu olhar vai ser transformado e voltará a se encantar com as coisas simples que estão a sua volta, tornando sua vida de aventuras ainda mais divertida. Experimente!
Acampe. Tudo bem, eu reconheço. Tem quem não goste da sensação de dormir numa barraca e de ficar enrolado num cobertor perto de uma fogueira enquanto espera batatas ou maçãs enroladas em papel alumínio assarem nas brasas, mas se você ainda não experimentou, eu recomendo.
Foi acampando que conquistei algumas das minhas maiores amizades. Foi em meio a natureza que descobri que tenho potencial e mais força do que imagino, superando o cansaço da caminhada, fazendo o fogo brotar da lenha molhada, conseguindo fazer uma comida gostosa (mas nem sempre) num caldeirão preso a uma forquilha.
Sentir a madrugada chegando quando a lona da barraca fica ainda mais fria, ver o sol nascer e a neblina subir das águas do rio e conviver de perto, sem as distrações do conforto moderno, com pessoas que assim como você gostam dos prazeres simples, faz com que suas percepções de mundo mudem bastante.
Eu digo acampe, mas você pode escolher escalar, fazer trilhas, andar de bicicleta, fazer um pic-nic, nadar em uma represa ou qualquer coisa do tipo. O que recomendo mesmo é contato com a natureza, abrir mão por um tempo das comodidades e entender que você pode superar muitas situações difíceis com criatividade.
Eu recomendo uma boa caminhada com mochila, uma boa comida de fogueira e uma noite em uma barraca batendo papo com amigos até o sono ir colhendo um por um...
Declare e expresse amor. Pra algumas pessoas este é um exercício maior do que ir acampar na selva amazônica. Mas é algo extremamente importante para ter uma vida plena. Não é só dizer, e também não basta apenas demonstrar. Para que o efeito seja completo, você precisa fazer as duas coisas, e com a maior frequência que você conseguir. Faça isso é você vai descobrir que muito mais do que demonstrar que você ama, você vai se sentir muito amado.
Pois aí estão algumas coisas que eu recomendo. Recomendo como alguém que aprendeu a gostar imensamente das pessoas. Recomendo como alguém que está sempre tentando aprender a vive e a enxergar as coisas DE UMA OUTRA FORMA. Recomendo como alguém que tem experimentado tudo isso, e que se descobriu muito dependente de Deus para viver. Vá em frente, experimente! Eu recomendo.

domingo, 11 de dezembro de 2011

As coisas da vida







Eu perdi a conta de quantas vezes voltei pra casa com os joelhos esfolados. Cortes, arranhões, pés furados com espinhos, dedos ralados por jogar descalço nas ruas, mãos cheias de bolhas e cortes pelas brincadeiras nas árvores ou por fazer meus próprios brinquedos...



Tenho algumas marcas ainda hoje. Os tombos de bicicleta me custaram uma cicatriz no braço direito e dentes da frente separados. Os acampamentos da boa época do clube de desbravadores me renderam algumas marcas de corte de faca nos dedos.

Uma vez levei três pontos na pálpebra esquerda, quando correndo pelo quintal fui "fisgado" pelo arrame farpado que servia de varal. Mas isso foi depois de ter ficado todo empolado por ter não sei quantos carrapatos pelo corpo, que foram lembranças de brincar no lugar onde os cachorros dormiam...


O curioso é que não deixei de fazer meus brinquedos. Continuei correndo e subindo em árvores. Ainda de bicicleta ainda muitas outras vezes. Acampei até ficar adulto (e continuei me machucando). Entendia, mesmo sem muita consciência disso, que os joelhos ralados eram simplesmente coisas da vida...


Em um dos acampamentos que Willian (grande amigo do coração) e eu promovemos (um acampamento de carnaval no sítio da mocidade para cristo, em Belo Horizonte) comecei a conversar com uma garotinha de uns 4 aninhos. Ela me perguntou se eu tinha "consequências", e fiquei perdido, sem saber bem o que ela queria dizer. Então, ela levantou o bracinho, dobrado contra o corpo, e me apontou com o indicador da outra mão um arranhão já cicatrizado, e disse eu tenho essa "consequência aqui"... Imaginei quantas vezes ela tinha ouvido a mãe exasperada dizer "tá vendo a consequência, minha filha."

Consequências, coisas da vida. Hoje estou tentado a pensar nestas coisinhas que a vida nos apresenta DE UMA OUTRA FORMA. Quero vê-las como marcas distintivas das aventuras vividas. Quando era criança, mesmo que com as "consequências" viesse alguma dor, um choro sofrido, um remédio ardido ou uma surra pra gravar bem o que não se devia fazer, a vontade de continuar tentando continuava. Afinal, por mais que se ralassem os joelhos, sempre havia o bom e velho curativo, band-aid ou esparadrapo com um pedacinho de algodão, que resolvia tudo.


As vezes eu ficava olhando uma cicatriz e me lembrando do que vivi para que aquela marquinha estivesse ali. Não foram poucas as vezes em que senti o calor do momento, ouvi os sons e senti até mesmo o vento soprar comemorando a aventura vivida, o instante desfrutado. Olhando pro curativo no joelho, sentia muitas vezes que cada marca tinha valor, que o preço pago por viver intensamente tinha até sido barato, e que cada cicatriz tinha valido a pena.


Aquelas pequenas coisas da vida eram marcas da atividade, e nos faziam sentir a dor da atitude, da ação e da realização. Quando a gente cresce, as marcas diminuem e os joelhos ralados começam a ser substituídos por corações pesarosos, consciências pesadas, mentes cansadas. A dor física da atividade pouco a pouco se torna a dor física da inatividade (joelhos doloridos por fala de exercício, costas que doem pela acomodação imprópria na cadeira do escritório) e é acompanhada pela dor emocional, oriunda da frustração ou de outros sentimentos e sensações parecidas...


Mas para estes cortes e dores é bem mais díficil arrumar um curativo. Porém, em uma coisa os ferimentos de dentro de parecem com os de fora. Nunca foram impecilhos pra continuar a fazer. Assim como joelhos ralados não nos impediram de continuar correndo livres quando crianças, corações feridos não devem nos impedir de continuar amando.


Insisto na questão da infância porque é o melhor caminho de recuperação da essência. Precisamos continuar a ralar os joelhos em todos os sentidos se isso significa continuar vivendo, crescendo e fazendo diferença, nem que seja somente na nossa própria vida a princípio. Seria muito bom se tivéssemos uma enorme coleção de "consequências" por fora e por dentro, pra nos mostrar as muitas aventuras que vivemos, com recordações vívidas que nos façam desfrutar de novo cada dia glorioso do passado, e que nos façam sonhar com novas aventuras futuras. Veremos que um bom band-aid pode nos colocar de novo em forma, e que joelhos ralados serão um preço pequeno por tudo que a vida em essência oferece.


De novo uso a sabedoria do apóstolo Paulo, que disse de forma muito profunda, e muito mais direta, o valor de nossas marcas deixadas pelas coisas da vida. Quando ele percebeu o quanto desfrutava da vida em Cristo, da vida em essência, exclamou para os cristãos da Galácia quando falava daquilo que realmente importa: "Quanto ao mais, ninguém me moleste; por que eu trago no corpo as marcas de Jesus" - Gálatas 6:17. Pense nisto.


sábado, 10 de dezembro de 2011

Libertar-se de si mesmo: um exercício essencial




Romper as correntes. Para viver em essência, nosso desafio é bem maior do que romper com correntes e cadeias reais. Para desfrutar completamente de nossa identidade e estar desimpedido para seguir nosso chamado, para cumprir uma missão e para saborear as coisas maravilhosas que estão a nossa volta, é preciso romper os grilhões do condicionamento...


As formas de pensar e agir que outros lançam sobre nós acabam por nos envolver, criar uma armadura, uma couraça que nos priva de ver as coisas de um jeito mais profundo, mais atraente em alguns casos e mais cuidadosamente em outros. Esta "casca" se cristaliza e acaba nos dando uma forma falsa, dura, sem graça... Para viver em essência, de forma plena, precisamos arrebentar esta capa e libertar-nos a nós mesmos.


Não que haja um "verdadeiro eu" ou uma "outra personalidade", como entes ocultos em uma mentira que rege nossa vida. Não estamos falando de algo tão dramático e tão complexo, mas de cadeias de ideias, atitudes e comportamentos que acabam por nos impedir de experimentar mais da vida.


Penso que a primeira coisa a fazer para tornar-se livre de si mesmo (do condicionamento, da forma de ver as coisas com as lentes que nos foram impostas) e usar e abusar das lembranças dos tempos de criança. Naquela fase em que éramos autênticos, em que manisfestavámos nossas ideias e sábiamos muito bem onde queríamos ir e o que queríamos fazer. Recuperar estas memórias, além de nos fazer bem, pode nos mostrar, num bom exercício de comparação, o quanto mudamos e também o quanto nos afastamos de nosso caminho original, de nossos sonhos dourados e, às vezes, até de nossos relacionamentos mais importantes e significativos...


Depois de recuperadas, use sua imaginação e se coloque de novo como alguém sedento de respostas, repleto de ideias e vontades. Use sua imaginação para criar novos conceitos e para entender melhor aquilo que está a sua frente. Não se contente com ideias prontas e comportamentos engessados ditados pela moda corrente. Você não precisa ir a lugares só porque todos acham que aqui ou lá é muito legal, e nem assistir ou ouvir o que todo mundo assiste e ouve.


Com imaginação, com liberdade, ouça aquilo que lhe inspira, veja aquilo que lhe traz paz, vá a lugares que lhe tragam satisfação: crie seu mundo de novo! Não é quebrar regras e fazer o que quiser da vida, não! É mais que isto! É redescobrir que você pode escolher, e que muitas vezes a sua resposta pode ser não.


Lembranças vívidas da infância somadas ao uso da imaginação têm como resultado a brincadeira! Então, brinque um pouco. Seja mais solto e leve. Ria de si mesmo, faça coisas engraçadas e se solte um pouco. Brincar, e de verdade, é o exercício libertador por excelência. Quando você faz cócegas em quem ama, corre um pouco pela rua, entra numa guerra de travesseiros, faz barquinhos de papel, desenha óculos e bigodes nas fotos da revista, estoura sacos de papel, e tantas outras coisas do tipo, as correntes se soltam... Experimente.


Exponha-se um pouco. Deixe que as pessoas vejam você chorar ou contar uma piada. Se tem defeitos, mesmo que seja algo que te incomode, revele isso pra alguém em quem confia. Faça alguma atividade onde tem que se mostrar. Pode ser cantar em um coral, falar em público ou gravar um video ensinando a fazer um bolo. Qualquer coisa! Mostre-se! E o que é mais importante neste exercício: veja-se.


Aproveitando-se das lembranças, usando sua imaginação e a leveza que o brincar e o expor-se lhe trazem, escolha um momento divertido, inspirador e único da sua vida e procure recriar, reviver aquele momento. Pode ser indo a lugares de sua infância onde você nunca mais voltou, pode ser revendo aquele filme antigo que você curtia (morrendo de rir dos efeitos especiais de antigamente) ou marcando um encontro com a turma da escola de quem você nunca se esqueceu... Reviver momentos felizes é trazer uma alegria legítima de volta, até com mais intensidade. Lembre-se que estas alegrias sempre foram suas. Falar que elas fazem parte do passado é tirar o sabor de algo que pode ser eterno...


Estes exercícios, feitos com sinceridade, trarão a tona vários sentimentos ternos e despertarão muita emoção. Procure traduzir tudo isto em palavras. Crie metáforas, crie histórias, ou simplesmente partilhe através de abraços, gestos carinhosos ou serviço abnegado. Quando você traduz estas sensações de ternura e de alegria, você se expande e torna impossível que a velha "casca" de condicionamento se forme outra vez. A luta para ser livre é constante, e como aprendi com a minha instrutora dos Vigilantes do Peso, Andrea Fafinni, o preço da liberdade é a constante vigilância...


Acione sempre seus amigos de verdade. Aqueles que escolhem você, que gostam da sau presença e que te fazem sentir-se acolhido, acarinhado e aceito. Sempre que sentir que está se prendendo, que está voltando ao velho estilo "todos fazem isso", procure seus companheiros de aventuras, de brincadeiras e os convide pra uma guerra de bolinhas de papel, pra uma noitada de "imagem e ação" ou uma sessão de desenhos e filmes do tempo em que eram felizes e sabiam (e como sabiam...).


Por fim, rompa com a mentalidade da conformação. Paulo, apóstolo de Cristo nos aconselhou, inspirado pelo Santo Espírito, a não nos conformar com este mundo, mas sermos transformados pela renovação (tornar novo outra vez: reencontrar a infância, a imaginação, as brincadeiras, as alegrias de expor-se e a aventura de reviver os melhores momentos com os amigos) de nossa mente. Tudo começa e termina bem aí, na sua fantástica fábrica de sonhos que é sua mente. Pense nisto.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sucesso de uma outra forma

Porque algumas pessoas, com apenas 19 anos, já são ricas (algumas bilionárias) e famosas, enquanto tantas outras, com maturidade, estudo e inteligência, depois de muitas realizações significativas e muito esforço, ainda lutam para pagar as contas do mês e obter algum reconhecimento?

Esta pergunta foi o objetivo de minhas reflexões durante um bom par de dias. Eu fiquei remoendo os possíveis motivos, incomodado por ser parte das tantas pessoas que lutam pra pagar as contas. É normal nos sentirmos frustrados pelos frutos aparentemente pouco promissores de nossos esforços, mas vez ou outra este sentimento de "parece que tudo é em vão" nos agride com mais força, e isso nos deixa tristes e desmotivados...

Por isso, para não cair nas garras da frustração permanente, e para não parar de produzir e fazer diferença, mesmo que em uma escala menor de reconhecimento, precisamos refletir sobre uma boa resposta para esta questão. Aqueles dias pensando sobre o assunto me levaram a um entendimento diferente, então aqui vai uma pequena análise no lugar de uma resposta:

1) O mundo não é justo. Em função desta simples verdade, entendemos que as oportunidades não são as mesmas para todos. Mesmo quando temos uma boa chance de fazer algo, nossos esforços podem não ser reconhecidos. Muitos tem uma oportunidade e não tem preparo, enquanto outros ficam prontos a vida toda e as portas não se abrem. Chefes tomam as ideias dos liderados, filhos dos donos das empresas ocupam os cargos de liderança, a moça com corpo perfeito são as escolhidas para apresentar um programa que foi preparado por uma outra, que usa óculos grossos e aparelho nos dentes... Este mundo não tem ainda a justiça que torna todos iguais. Gente passa fome, filhos desejados nascem doentes, pais são abandonados nos asilos ou nas ruas, bancos tomam os bens de famílias que perderam sua condição de trabalho... O mundo não é justo.
2) Existe escassez em vários sentidos. Não há tudo para todos. Estejamos falando de recuros, de bons empregos ou de vagas nas melhores escolas, precisamos entender que não há espaço para todos ao mesmo tempo. Some-se isso ao fator injustiça, e teremos milhares de pessoas com talento e nenhum recurso, ou ainda alguns poucos com muitos recursos e nenhum talento. Gente de potencial que não consegue estudar. Alunos brilhantes que não conseguem vagas no mercado. Gente capacitada e preparada sem jeito para relacionamentos e sem amigos.
3) Valores diferentes. Precisamos reconhecer que nosso mundo está repleto de valores confusos e superficiais. Aquilo que é valorizado em um momento não o é em outro. Aquilo que um grupo tem como precioso, outros grupos descartam como refugo. Muitas vezes as pessoas não querem abrir mão daquilo que valorizam. Quem tem como valor o desenvolvimento de outros através da educação, dificilmente vai procurar trabalhar com outra coisa. Quem ama a música tem enorme dificuldade em se ver administrando uma equipe de vendas. Há gente que se recusa a ganhar dinheiro fácil com coisas triviais, que não promovem o bem-estar ou o desenvolvimento. Muitos jovens sonham com o sucesso como o dos cantores de hip-hop ou funk, mas existe um bom grupo que não vê valor algum neste estilo de música que promove a sensualidade, o descompromisso e que passa sem deixar nada de duradouro...
4) Nem todos possuem equilibrio. Existe gente com muita dificuldade em atender aos apelos do trabalho sem desconsiderar sua família e o tempo que ela merece. Muitos profissionais tem sua carreira abreviada por não conseguir dedicar tempo ao estudo e atualização. Não são poucos aqueles que sacrificam a saúde no processo de obtenção de fama e dinheiro. É comum ver gente de sucesso que não consegue um casamento estável, que não tem os filhos reunidos em torno da mesa, que não têm amigos presentes e que não consegue tempo para desfrutar das coisas que o sucesso alcançado pode proporcionar. O equilíbrio é necessário até mesmo para prolongar o sucesso, pois alguns que chegaram cedo ao topo, ganhando milhões e tendo muito reconhecimento, ficam poucos anos em evidência, e depois passam o resto da vida em obscuridade. Há inúmeros exemplos assim entre as celebridas do mundo da música e do esporte.
5) Escrúpulos e disposição. Nem todos estão dispostos a fazer "aquilo que é preciso" para alcançar a fama. Existe gente que não abre mão daquilo que acredita, como família e amigos, sendo impossível pra eles sacrificar o tempo com os filhos ou passar por cima de um amigo. Quem tem uma crença fundamentada em princípios bíblicos não consegue trabalhar em qualquer função, como por exemplo promovendo alcool ou cigarros, nem faz da sensualidade um recurso para ganhar dinheiro. Nem todos estão dispostos a pagar o preço pelo enriquecimento rápido e pela fama, mesmo quando isso não envolve procedimentos que firam a moral. Não querem se comprometer com horas de estudo, com sacrificios em prol do aperfeiçoamento, com responsabilidades crescentes e constantes. Tudo isso, somado ao que já foi dito, são grandes impecílhos para atingir o objetivo do reconhecimento.
6) Talentos alinhado com valores sociais. Quem nos dera, se pudessemos sempre ter nosso talento aproveitado nas diversas formas como ele se manifesta. Chega a ser irritante ver um jogador de futebol, que não conhece seus admiradores, que não contribui para a saude ou bem-estar deles, que não investe em causas nobres (salvo algumas poucas excessões) ganhar salários em torno de R$ 250.000,00 por mês, enquanto médicos, professores, policiais e outros profissionais que promovem o crescimento e a saúde precisam de dois ou mais turnos de trabalho para pagar as contas. Uma moça que conseguiu aparecer na TV mostrando o seu corpo, ganha uma fortuna divulgando bebidas (que acabam com a saúde, provocam acidentes e roubam a lucidez), enquanto tantos outros não conseguem produzir algo realmente bom. A socieade celebra os craques do campo, os astros da música e os galãs da TV. Se o seu talento (somado a seus escrúpulos e disposição) não estão alinhados com estes valores, suas chances de ficar milinário e ser reconhecido por um trabalho bem feito ainda na juventude são muito pequenas.
7) A âncora dos princípios. Como um resumo de tudo o que foi dito, quem tem princípios sólidos tem muito mais obstáculos no caminho. Graças ao bom Deus, muitos ainda conseguem vencer e obter fama com um comportamento adequado, com valores elevados e com um procedimento impecável. Mas devemos reconhecer que os princípios são âncoras que nos impedem de obter a fama fácil e mesmo dinheiro que não possa ser conquistado com dignidade.

Mas pensando DE UMA OUTRA FORMA, como sempre nos propomos a fazer neste espaço, é possível fazer algo em prol do desejo do reconhecimento sadio e da recompensa justa. Só precisamos exercitar nosso modo de entender as coisas e trabalhar um pouco nossa mentalidade. O grande problema é o entendimento que temos de alegria, de felicidade, de satisfação e realização apenas como resultado de fama e recurso.

Não precisa ser assim. Podemos nos satisfazer com nosso sucesso na medida em que ele é manisfesto em nossa vida. Quando consideramos os sete pontos acima, podemos superar a frustração os encarando da seguinte forma:

1) Podemos equilibrar o quadro. Fama e dinheiro não são errados em si mesmos, mas desejáveis e possíveis em certa medida. Não precisamos ganhar milhões e sair em todos os jornais para sermos felizes, mas podemos obter um excelente patrimônio e ser muito bem conhecidos no meio em que trabalhamos e na sociedade onde vivemos. Não precisamos ter tudo isto aos 19 anos, e podemos sim, numa idade mais avançada obter tudo o que nos torna plenos, com uma satisfação ainda maior: a da luta e da conquista mesmo em um mundo injusto.
2) Determinação e disciplina são ingredientes essenciais. Não adianta nos lamentarmos das injustiças e nem chorar a falta de oportunidade se não nos preparamos para vencer. Insistir, tentar de novo, cada vez com mais afinco, aprendendo com os erros e se recusando a parar de tentar são caracteristicas dos que vencem.
3) Identidade é fator determinante. Qualquer sucesso e todo o dinheiro que se possa ganhar em detrimento de quem somos de verdade, atropelando aquilo que gostamos de fazer, negando nossa essência é mais um castigo do que um prêmio. Saiba quem você é, e coloque em destaque os valores que lhe são preciosos e os princípios que trazem paz a sua vida. Só assim as coisas passam a fazer sentido.
4) Conheça sua missão, ouça seu chamado. O serviço, ou seja, atingir a outros positivamente, fazendo diferença dá um gosto todo especial ao viver. Não é sem razão que tantos famosos e ricos tentam de todas as formas criar programas que ajudem os carentes e tragam um pouco de conforto aos necessitados. Saber que você nasceu com um talento único e que Deus o abençou com dons especiais para alcançar as pessoas, fazer algo único, tocar corações ou causar um impacto positivo na vida de alguém é o que o torna digno e lhe traz verdadeira satisfação.
5) Capacitação. Nunca podemos nos dar ao luxo de parar de trabalhar nosso desenvolvimento pessoal. Não existe lugar seguro neste mundo de injustiça, e por isso é preciso que estejamos sempre mais aptos, maduros e conscientes para sofrer os golpes que a vida, com certeza, vai desferir contra nós.
6) Proucure desenvolver uma mentalidade voltada para a eternidade. Quando vemos tudo pelas lentes da eternidade, aquilo que é efêmero não nos agride mais. Focar naquilo que realmente importa, no que é perene e que nunca será tirado de nós faz toda a diferença na forma como vivemos e como encaramos os revezes desta vida.
7) Viva em princípio. Nem sempre os efeitos de uma vida pautada em princípios são instantâneos, mas em compensação eles são muito mais duradouros.

Por fim, como meu grande amigo Willian L Felicio disse quando falávamos sobre tudo isto, "é preciso que aprendamos a viver com serenidade". Acalmando o turbilhão de nossos sentimentos e sensações e trabalhando de forma serena os nossos desejso (que por vezes são avassaladores), teremos condição de entender melhor todas estas coisas e trabalhar de forma objetiva para atingir o sucesso que tanto merecemos, na medida correta, no momento correto e com plena satisfação. Pense nisto.