quarta-feira, 9 de maio de 2007

Só algumas perguntas

Muitas vezes ouvi falar da sabedoria de Sócrates em relação à arte de fazer perguntas. Lembro-me de discutir sobre os diálogos longos e complexos do filósofo com seus pares, diálogos esses recheados de perguntas profundas. Discutíamos sobre a forma como Sócrates aprendia através de seus questionamentos, e como perguntas bem colocadas podem produzir reflexões inpiradoras e um bom conhecimento sobre os assuntos colocados em pauta.

Como falamos da ligação e da relação de posse entre dúvidas e perguntas e entre certeza e respostas, gostaria de colocar aqui algumas questões. Não são complexas demais, e talvez não sejam relevantes para a maioria das pessoas, mas posso estar enganado quanto a isso. A única razão pela qual vou lançar estas questões é o desejo de tentar enxergar algumas coisas DE UMA OUTRA FORMA. Vamos as questões:

1) Existe uma relação entre o que pensamos e fazemos habitualmente com a linguagem. Então, nossa forma de obter experiência, de raciocinar e entender o "mundo real" é conformado com nossa linguagem, ou seja, aprendemos da maneira como aprendemos porque falamos da maneira que falamos. Isso é bom ou não? Explique sua opção, por favor.

2) Essa situação é limitante, uma vez que só podemos entender de fato aquilo que podemos decodificar. Isso quer dizer que não entendemos certas coisas porque não conhecemos uma palavra que a descreva e a explique?

3) Se ao visualizar um objeto, você não souber seu nome, isso o torna irreal de alguma forma?

4) Ao tentar descrever o tal objeto que você viu, mas que não conhece uma palavra (nome) que o identifique, a realidade de tal objeto será completamente percebida pela pessoa a quem você o descreve?

5) Você concordaria que o mais difícil para alguém que se sente angustiado, entristecido e magoado é tentar explicar a alguém o que está sentindo, uma vez que não existem palavras para muitas das sensações que passam por nossa mente e corpo?

6) Ler a definição da palavra "angústia" em um dicionário seria suficiente para que você compreendesse o que se passa com alguém que sofre, que se comporta de forma tristonha, que se diz angustiado?

7) Uma forma alegórica de explicar as coisas é mais eficiente do que a forma direta, objetiva e literal de o fazer? Porque?

São só perguntas, mas não se engane. O ponto aqui ainda é a dúvida. Estas e muitas outras perguntas, de caráter mais relevante, nos remetem novamente ao ato de duvidar. Tente responder a estas questões. Não se preocupe com respostas certas, mas procure cultivar variedade de respostas possíveis. Talvez você experimente uma sensação de incerteza, ou quem sabe de limitação. O objetivo é este. Vamos experimentar o sabor da dúvida. Quem sabe isso não nos ajude a caminhar no trilho de algumas certezas... Pense nisto.

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