Muitas pessoas usam a frase "não é tão ruim como parece" na tentativa de consolar alguém que está passando por uma situação difícil, e muitos outros a dizem para si mesmos numa tentativa de encontrar algo positivo no emaranhado de problemas em que estão envolvidos.
Realmente é louvável buscar por uma visão positiva em meio a qualquer período conturbado da vida. Um dose equilibrada de otimismo, uma decisão racional de procurar e encontrar algo bom mesmo em meio aquilo que é ruim é uma atitude que pode ajudar muito. Porém, em alguns casos, se o equilíbrio é esquecido, os pés podem sair do chão e a cabeça pode acabar tocando as nuvens de negação dos fatos.
E por falar em fatos, muitas vezes os fatos mostram que as coisas realmente são tão ruins como parecem. Nestes casos, uma frase pronta para maquiar a situação não resolve. Um grande problema parece com o que é: algo inesperado, indesejado, inapropriado que surge para roubar o sossego e nos privar de atingir uma meta, de cumprir um prazo, de realizar algo bom e nos impedir de alcançar o sucesso.
A ideia de que não devemos atribuir valor demais aos obstáculos e problemas que nos aparecem todos os dias é valiosa, mas pensando DE UMA OUTRA FORMA, usá-los para um bom exercício de avaliação, de constatação e superação é um verdadeiro tesouro. Quando algo estiver realmente ruim, antes de buscar aquela face positiva, que pode se tornar muito difícil de encontrar em algumas situações, talvez pudessemos demorar um pouco mais os olhos no lado negativo e tentar verificar o que aconteceu. Pense comigo, DE UMA OUTRA FORMA sobre a FRUSTRAÇÃO.
Quando ficamos frustrados, logicamente entendemos que algo deu errado. A visão "não é tão ruim como parece" pode acabar por ocultar nossa responsabilidade, algo que deixamos de fazer ou que fizemos inadequadamente e que nos conduziu a uma FALHA. Mesmo que existam situações em que realmente não tenhamos feito nada de errado, na maioria das vezes uma situação que causa frustração pode ser resultado direto de nossos atos falhos, impensados ou mesmo de nossa omissão em agir... A primeira coisa que podemos fazer para crescer é considerar nossas falhas e aprender a reconhecer erros, identificar padrões de ação equivocados e mudar a forma de fazer.
Estando frustrados, também é normal que nos tornemos REATIVOS. Não é bom adotar uma postura de "a culpa não é minha" e rebater de forma dura todos os comentários, avaliações e críticas que podem chegar até nós. Reagimos mal até mesmo a algumas tentativas de amigos e pessoas próximas de nos consolar em momentos tristes "ninguém pode entender o que estou passando...". Aprender a ser mais proativo é um bom resultado do processo de considerar com cuidado os períodos que são relamente ruins.
Algumas fases ruins são completamente vazias. Não ensinam, não mostram um novo caminho e não revelam falhas que possamos consertar. São momentos até "piores do que parecem". Aceitar que o mundo é injusto é o remédio para passar por isso, e tem mais efeito do que o paliativo do "não é tão ruim assim". Procurar UTILIDADE em tudo pode ser até mais frustrante do que a situação em si.
Na frustração tomamos consciência da tristeza. ENTRISTECER-SE é um passo importante para a conversão. Não mudamos nada realmente a não ser quando nos entristecemos de verdade com o que somos ou com o resultado daquilo que estamos fazendo. A coisa mais triste do mundo é não sentir-se triste por nada, pois sem isso não há reconhecimento, nem abandono do erro, nem crescimento ou mudança. Mas somos orientados e condicionados a buscar alegria sempre, de imediato, e por vezes isto nos tem impedido de meditar um pouco quando os momentos tristes nos apresentam temas com os quais devíamos gastar algum tempo...
Quando frustrados focamos o que não temos. Na pressa de voltar a sentir-se bem, muita gente que toma a pílula do "não é tão ruim como parece" não considera os espaços vazios que a frustração revela. Claro que devemos aprender a ser gratos pelo que temos e a desfrutar as coisas que consquistamos, mas poderíamos conseguir outras tantas coisas importantes se considerarmos que um problema ou situação ruim "parece com o que é", e vermos ali o que nos falta: atitudes, certas experiências, algumas decisões, formas de fazer diferentes, pessoas... Considerar o que não se TEM é um exercício que momentos de frustração nos ajudam a realizar. Depois, basta coragem e disciplina para buscar preencher espaços vazios.
Depois de enteder que falhamos, que não devemos ter reações exageradas e extremamente defensivas, de aceitar a injustiça e a realidade de que certos acontecimentos que trazem dor são simplesmente destituídos de sentido, de saber colher os frutos indicativos da mudança de rumo que a tirsteza pode apontar, e descobrir o que nos falta, o mais lógico a fazer é DECIDIR o que fazer é AGIR com base nesta decisão.
A alegria vai retornar. Vitórias irão ocorrer e o sucesso vez ou outra vai brilhar em seu caminho. Gente de todo tipo vai aplaudir seus triunfos e você se sentirá reconhecido. Você vai desfrutar do que tem, sentir-se completo e tudo isso o levará a desejar ser, fazer e ter mais. Estes desejos, ou simplesmente o fato de o mundo ser injusto, podem levar você a outro momento de frustração. Quando isto acontecer pense DE UMA OUTRA FORMA. Aceite que coisas ruins não precisam parecer menos ruins. Uma coisa ou situação ruim parece simplesmente com o que é. Pense nisto.
Um comentário:
Ótimo! Exatamente o que penso sobre isso. Nunca gostei de ficar brincando de "faz de conta" quando realmente a coisa é séria e existe o problema. Então...a situação é o que parece mesmo. Assumimos, enfrentamos, vencemos e depois SORRIMOS!!! Quero seu livro logo Claudio! rsrsrs
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