Eu espero demais dos outros...
Não sei se isso é ingenuidade, ou se um misto de necessidades e dependência.
Talvez isso tenha brotado de um sentimento não totalmente assumido de carência,
de impossibilidade de fazer as coisas sem ajuda, ou simplesmente de algum tipo de solidão.
Pode ser ainda que eu quisesse e buscasse complementação através da presença
maciça, oportuna e impactante de alguém. Há quem diga que esta expectativa traz
decepção, pois os outros muitas vezes não estão (ou estarão) à altura de minhas
exigências sobre o que devem ser e fazer por mim. Outros dirão que é simplesmente
egocentrismo. Eu, porém, tenho pensado sobre isso DE UMA OUTRA FORMA.
Explicar e definir claramente o
porquê de esperar tanto dos outros era para mim tarefa complicada. Costumava dizer, pensando em minhas necessidades, carência, dependência e solidão, que a
razão de tanta cobrança seria talvez, o efeito conjunto deste misto de emoções
e sensações. Minhas expectativas eram fruto de simples anseio. Mas logo depois vinha uma convicção de que isso poderia não ser nada disso, pois na maior parte do tempo eu não me sentia
incompleto, nem carente e muito menos dependente ou solitário, deixando como
alternativa explicativa a crença de que de alguma maneira eu teria adquirido o
direito a ser colocado em primeiro plano, mas isso não me parecia muito
plausível. Quem sabe, então, um pouco de cada coisa? Desejo e direito... E estas
eram explicações dignas de quem não tinha a menor ideia das razões que
sustentavam o desejo intenso por exigir o melhor que outros tinham a oferecer...
Mas o fato é que eu tinha, e
ainda tenho fortes expectativas quanto aos outros. Ainda hoje eu espero muito
que as pessoas SEJAM o que desejo, que FAÇAM o que preciso e que TENHAM a minha
disposição tudo o que é necessário para realizar meus sonhos. E espero ainda,
que estejam plenamente dispostas a me concederem tudo isso sem pensar duas
vezes. A diferença entre estas minhas expectativas de hoje e do passado, é que agora tenho certeza do porque posso ser assim tão exigente.
Entendo que isso coloca sobre mim,
quem sabe na visão de uma grande maioria, uma aura de arrogância egoísta. Ao
que parece, ao exigir muito das pessoas, demonstro não me importar muito com os
desejos, necessidades e sonhos dos outros, desde que sirvam aos meus propósitos.
Da forma como isso é dito, realmente muita gente pode pensar que sou um
tremendo egoísta, interesseiro e também um egocêntrico arrogante, por pensar
que todos estão no mundo apenas para atender minhas demandas. Vou procurar
então, em minha defesa, e mais uma vez, explicar isso DE UMA OUTRA FORMA...
Na verdade, esperar o melhor das
pessoas e criar uma expectativa positiva sobre receber ajuda, ser cuidado,
apreciado e servido por outros me incomodava bastante. Eu julgava que isso era
ao mesmo tempo que um enorme sinal de dependência (que indica fraqueza e
incompetência), uma atitude irresponsável, egoísta e que revelava uma pessoa
fraca e acomodada. Para muitos de nós, ser independente e fazer as coisas por
nós mesmos é um sinal de força, de sucesso. Fomos criados assim! Nossos pais
diziam isso o tempo todo, e a escola nos ensinava isso no exercício paradoxal
de viver como indivíduo independente em uma coletividade que era incentivada a
partilhar e cuidar dos seus. Depender dos outros, ainda que aceitável na
infância, não era algo que desejássemos para a vida toda...
De forma complementar, talvez
para a maior parte das pessoas, esperar que os outros nos sirvam em tudo é algo
no mínimo vergonhoso. Embora tenhamos ouvido muitas vezes o valor que devemos
dar aos outros, e tenhamos aprendido desde cedo a regra de ouro (fazer ao outro
o que esperamos que ele nos faça), e tenhamos crescido com o adágio do “melhor
é dar do que receber”, muito dentre nós dificilmente nos colocávamos na outra
extremidade, como recebedores de dádivas.
Entendíamos, de alguma forma, que
aquilo não se aplicava a nós. Eu, pelo menos, por muitas vezes, pensava assim.
Me sentia desconfortável ao perceber que dependia de ajuda. Devia fazer por
mim mesmo, afinal era o que se esperava de alguém adulto e responsável. Tudo bem se eu ajudasse outros,
mas eu precisar de ajuda, de indicação, de apoio, muitas vezes me trazia um incômodo
sentimento de frustração, muito embora eu soubesse, paradoxalmente, que receber
apoio e ajuda era desejável e oportuno...
De onde vinha este sentimento?
Acredito que de nossa vivência em um mundo extremamente competitivo, com
valores distorcidos. Aprendemos isso dia após dia em nossa infância, entre as
broncas dos pais, a severidade dos professores ou os desafios e chacotas dos
colegas. Talvez um pai mais severo dissesse algo do tipo “não criei você para
ser um parasita”, ou numa visão menos agressiva, mas que transmite a mesma
ideia, ouviríamos alguém dizer “faça a sua parte”.
Normalmente, ninguém alimenta a
ideia de uma dependência consentida, e muito menos estimulada. Talvez, em justa
medida, para muitos de nós, o esperado é que, minimamente, nos ajudemos
mutuamente, com toda a força de significado que a palavra apresenta: devemos
viver relacionamentos de troca. Não se pode “dever” algo a alguém sem fazer
alguma coisa em troca... Nem dependência, nem independência, mas
interdependência. A ideia subjacente era a de que uma corrente é tão forte
quanto seu elo mais fraco. A mensagem, portanto, era: seja forte.
Hoje, este tipo de raciocínio, até
certo ponto politicamente correto, não me incomoda mais. Reconheço que esta
forma de pensar que privilegia a independência e a interdependência tem sim sua
aplicação e seu valor, principalmente se vivenciada com equilíbrio. Mas sei agora
que também que existe uma possibilidade diferente de entendimento e aplicação. E
hoje espero muito dos outros, em todos os aspectos, sem medo de ser taxado de
dependente, egoísta ou egocêntrico. Eu espero muito de todos, e bem mais
daqueles que são próximos a mim.
Espero muito dos que são meus
conhecidos, e espero algo mais daqueles que são meus colegas, sejam de estudo
ou de trabalho. Espero muitíssimo de meus amigos. Espero algo como que uma
doação ampla, uma entrega total e profunda, além de uma consideração absoluta
de meus familiares. Espero que todos, gente de longe e de perto, se importem
comigo, que me tenham em alta conta e que se esmerem em me ajudar, apoiar, alegrar,
proteger e servir sempre, independentemente de minha condição, merecimento ou
desejo de retribuição.
Antes de dizer porque fico tão à
vontade com estas expectativas, gostaria de dizer de forma ainda mais ampla o
que espero das pessoas, porque acredito que esclarecer isso será importante
para a compreensão da mensagem que desejo passar. Sendo assim, espero que as
pessoas, de forma geral, sejam:
Dignas
A ideia básica do que desejo é a que vem do latim DIGNITAS,
se referindo ao que tem valor, transmitindo uma visão de alguém que é valioso,
adequado, compatível com os propósitos nobres. Pesquisei as raízes etimológicas
indo-europeias, e descobri que dignidade está vinculada com o exercício da docência e do decoro,
ou seja,quem é digno tem potencial para ensinar dignidade por viver exatamente o que
ensina, o que transmite.
A pessoa digna exala merecimento. Ela é correta, elevada e
generosa. Revela em seu porte honradez, integridade e justiça. São pessoas
sérias em seu proceder, e por isto respeitáveis. Elas evocam nosso louvor
apenas com sua presença. Preciso que estejam ao meu lado pessoas exatamente
assim.
Homens dignos são valorosos, preparados, adequados ao
ambiente e ao contexto moral. Eles são sensatos e tem atitudes apropriadas em
todas as ocasiões. Estão sempre prontos para o que for preciso e são
qualificados não só por saber fazer, mas por desejar fazer o que é necessário e
correto. Por esta razão vivem exalando eficiência verdadeira no que fazem. São
pessoas que nos fazem dizer em nosso íntimo que eles valem a pena.
As
pessoas deveriam buscar por sua dignidade. Trata-se de reconhecer os direitos
que têm... Pessoas que se deem valor, que reconheçam que possuem potencial,
força e origem que lhes possibilita serem respeitadas. Que vivam do modo como
foram criadas, a altura dos ideais de sua formação e origem.
Eu
espero, portanto que aqueles que convivem comigo exerçam sua liberdade de
escolha no mais algo grau, e que saibam entender as recompensas e consequências
elencadas em cada uma de suas decisões.
Reserve um tempo e leia na Bíblia, em Mateus 10:11, como a questão da dignidade era um indicativo relacional dado por Jesus para seus discípulos, e como a falta dela impossibilita a presença das pessoas em lugares especiais, conforme Mateus 22:8. Existem tantos outros textos bíblicos que tratam desta questão, indicando o quanto ela é relevante.
Quando
as vejo sendo, fazendo e obtendo menos do que a dignidade delas exige, fico
frustrado, triste e zangado. Não é desamor, é desapontamento. Um lamento
triste, e muitas vezes mal expresso, de minha desaprovação por não escolherem
viver a altura do que realmente são e do que preciso que elas sejam. Não posso esperar nada menos
do que isso.
Disponíveis
Considero um direito meu, e
direito inegociável, ter a atenção total das pessoas que me cercam. Quero
presença e companhia exclusiva sempre que desejar. Para mim e por mim, as
pessoas devem ser acessíveis, livres de qualquer outro assunto que não
sejam os meus. Desimpedidos, para passar o tempo que for necessário comigo,
prontos a me auxiliar, ouvir e entreter. Devem estar próximos, ao alcance, no meu
tempo, de forma totalmente exclusiva.
Estar disponível implica em
oferecer atenção focada. Uma pessoa disponível é presente e abstrai do próximo aquilo que é necessário,
o coloca em contexto, demonstra interesse sincero em ouvir e mostra
claramente ter prazer na companhia do outro. Espera-se que pessoas disponíveis
nos considerem em cada plano e nos coloquem sempre em sua agenda.
Desejo pessoas que estejam
presentes em minhas datas especiais, que se lembrem de meus gostos e desejos
por antecipação, que venham a minha casa, que compareçam em minhas festas, que
se apresentem em meus momentos de dor, que me apoiem em minhas lutas e que
tomem posição decidida ao meu lado quando estiver certo. Desejo também que me
apoiem de igual modo em meus erros, tanto me ajudando a corrigi-los como me
confrontando com firmeza equilibrada que brota da dignidade que tem e da
ternura que carregam no coração.
Tenho como desejo que as pessoas
tenham a firme convicção de que devem me apoiar ativamente em meus projetos,
trabalhos e sonhos. Não basta, e nunca bastou, dizer que estão comigo. Espero
que as mangas sejam arregaçadas, e que viabilizem todas as possibilidades para
que tempo, talentos e recursos sejam oferecidos a mim. Nada menos do que isto
pode caracterizar alguém realmente disponível.
Competentes
Eu espero sinceramente que as
pessoas me ofereçam o que possuem e o que fazem de melhor, e espero que façam
da melhor e mais eficiente maneira possível. Nada de amadorismo, e de oferecer
algo de pouca monta, de baixa qualidade. Eu espero que as pessoas me supram em
minhas necessidades e anseios com extremada competência.
Quando as pessoas entram em minha
vida, elas devem demonstrar um imenso talento, fazendo as coisas com maestria e
tornando meus dias melhores. Espero que elas tenham um saber amplo, profundo e
atual, para me dar as respostas de que tanto preciso, me convencendo pela razão
e pela emoção.
Espero que as pessoas sejam
cheias de cultura, bem preparadas para toda e qualquer situação, que enfrentem
as questões difíceis e amargas com calma, orientação e bom humor. Não posso
admitir que não tenham um profundo conhecimento sobre o mundo, sobre si mesmos
e principalmente sobre mim.
O indivíduo competente é informado, esclarecido, consagrado. Sabe discernir e compreender o momento e os movimentos da sociedade. Ele sabe administrar
seu tempo, os recursos e tem sempre um plano alternativo. Quero em minha vida
pessoas que apresentem um alto grau de competência, e mais, quero vê-los apresentar
resultados excelentes.
Pacientes
Dignidade, disponibilidade e competência são qualidades marcantes, mas podem se converter em fatores estressantes para mim,
caso estas pessoas não considerem meu ritmo. Eu espero, e não sem razão, que
todos sejam extremamente pacientes em todos os aspectos, sobretudo no que diz
respeito a mim. Quero que tenham calma quando eu tiver que agir, e que tenham
pressa em atender quando eu precisar. Isso demonstra, para mim e para meus interesses, um equilíbrio
perfeito.
Para que minhas expectativas
quanto aos outros sejam atendidas, espero que que meus parceiros na vida saibam
alterar seus passos para andar ao meu lado, no meu tempo e velocidade. Eu
preciso saber que sou eu quem determina o tom.
Quem vive no sagrado círculo dos
meus relacionamentos deve saber entender meus momentos e ser perdoador,
considerando com carinho minhas falhas, e ser conciliador, de forma a não afetar
nossa relação. Afinal, ser calmo, em todos as situações, é o que vai garantir a
harmonia necessária para que eu fique bem, apesar dos meus erros.
Uma pessoa paciente, que exerça o
autocontrole na medida precisa de minha necessidade, será dotada de um enorme desejo
de unir as partes, não só sendo paciente comigo, mas ajudando outros a
entenderem que também devem demonstrar paciência em igual medida quando o caso
em questão envolver a minha pessoa, meus desejos e meus eventuais tropeços. (Isto parece arrogância?)
Talvez a característica mais
interessante no comportamento paciente que espero dos outros seja a capacidade
de ceder. Preciso que seja assim quando meus sonhos, aspirações e desejos estão
em pauta. Na divergência de opiniões, alguém tem que ceder, e eu espero que
considerando minha alegria, este alguém não seja eu. (Muito egoísmo?)
Íntegras
A melhor definição que conheço,
diz que a palavra integridade aponta para os princípios imutáveis que regem o
mundo. A pessoa integra, inteira, total está ligada a estes pontos eternos,
universais e justos, e exprime um desejo de viver a altura deles. Integridade é
principalmente uma escolha por viver cotidianamente da melhor maneira possível.
Então, espero que quem convive
comigo seja assim. Que nunca tenham qualquer dúvida sobre o que fazer nas mais
conturbadas situações. Farão o que é certo apesar do medo, do prejuízo pessoal,
da pressão social, da força limitada, do abandono da vontade própria. Quero me
beneficiar ao máximo da companhia de gente assim.
Sei que não mentirão, que não me
ocultarão verdades, que não hesitarão em abrir mão de seus interesses por meu
bem-estar. A integridade que espero de todos os que me cercam me garantirá
tranquilidade, pois quem é integro potencializa ao máximo a disponibilidade em
servir, que apresentamos há pouco, além de me dar segurança pela extrema
autenticidade de todas as informações e sentimentos que partilhará comigo.
Espero integridade das pessoas
que me cercam para que me conheçam profundamente sem revelar meus segredos.
Para que me apoiem em meus planos sem almejar dividir os ganhos. Para que ouçam
meus desabafos sem compartilhar meu destempero. Para que me auxiliem em minha
fraqueza sem alardear minha fragilidade.
Não abro mão de uma total e
profunda integridade em quem está em minha vida. Transparência, credibilidade,
imparcialidade, confiança e conduta moral que ultrapasse a norma rasa do senso
comum e a ética amorfa e fingida dos insinceros. Dignidade, disponibilidade,
paciência e competência vividas em uma absoluta integridade são elementos
essenciais com os quais não posso transigir.
Admiráveis
Uma pessoa admirável é aquela que
pode surpreender, causar espanto. Ela pensa e age de um modo tão singular, tão além
dos padrões, que acaba por despertar estima e respeito. Pessoas admiráveis nos
surpreendem com sua presença e ação de uma forma única, e esta surpresa é tão
positiva que causa prazer. Estas pessoas despertam em nós o desejo de aplaudir
o que são e o que fazem. E mais, o que fazem é sempre algo em vai ao encontro
de minhas expectativas, mas que de maneira surpreendente, superam o melhor que
posso esperar.
Uma pouco mais de pesquisa: admirar, etimologicamente, vem
das partículas ad e mirar. Ad significa aproximação no tempo e espaço. Mirar é
originado de mires e quer dizer “digno de contemplação”. Então, admirar é se
aproximar do que é merecedor, e investir tempo em contemplação para apreender
seu valor. Quero pessoas admiráveis em minha vida.
Encantadoras
Acredito que você já ficou
encantado em muitas ocasiões. É algo positivo, que nos tomando pelo olhar,
remete ao nosso coração um conforto e uma sensação de paz e alegria. Ficamos
encantados com aquilo que é belo, com aquilo que é revelador, com o que é
abundante e pleno.
Pessoas encantadoras, são
portanto, aquelas que nos fazem vislumbrar a perfeição. São dotadas de amor
puro, de saber leve, de beleza interior inspiradora e calmante, e que possuem
uma fortuna (sorte) imaterial que nos acalenta e conforta. São encantadoras
porque nos furtam à realidade e nos proporcionam um gosto de realização,
quietude e aceitação.
Diane de pessoas assim, ficamos
embasbacados, boquiabertos, perdidos em uma contemplação serena, sem vontade de
ir embora, sem força para fazer qualquer outra coisa que não seja desejar mais
e mais da presença e da sabedoria calma que exalam delas. Segundo um personagem que
admirou a beleza encantadora das princesas idealizadas nos contos antigos,
contemplar um ser admirável e como contemplar a face do próprio amor.
E estes são os sete pontos, as sete virtudes essenciais, que
fecham minha descrição do que espero das pessoas que me cercam. Depois de
explicitar minha lista de exigências em relação aos outros, você pode achar que
estou exagerando, e muito. Mas pergunto com toda sinceridade do mundo: eu
poderia exigir menos? E mais: eu poderia exigir menos quando o que está sendo
colocado é o exercício de conceder e receber amor?
Quando falo de amar uma pessoa
falo de um investimento gigantesco. Amar o outro envolve meu tempo, meus
talentos e meus recursos ganhos a duras penas. Amar coloca tudo o que é meu em
jogo. Todos estes recursos ficam inteiramente comprometidos na ação de me doar ao outro. Além disso, amar
de verdade envolve todo o meu ser, meus gostos, meus sentimentos, meu corpo
(saúde). Tudo fica envolto no exercício de amar.
Então, se vou amar alguém, e se
vou fazer isso de forma ampla e por inteiro, eu desejo que as pessoas que eu
amo possam suprir meus anseios de forma equivalente... E mais do que isso,
integralmente...
A razão de me sentir a vontade com isso? Foi uma ordem de Deus para
todas as pessoas próximas a mim. Deus disse que deveriam me amar como a si
mesmos, e mais, deveriam me amar com Ele me ama (João 13:34). Não posso esperar menos de
ninguém!
Pense comigo DE UMA OUTRA FORMA. Trabalhe
uma mudança de foco: a questão não é que eu seja muito exigente, mas o fato de que
talvez “o outro” seja pouco interessado, esforçado ou desejoso de mostrar e de dispor
do seu melhor. O ponto em voga não é que eu queira muito, mas o fato do outro
oferecer tão pouco... Se fizermos uma análise sincera das potencialidades
latentes, da extensa capacidade de quem amamos, veremos que recebemos muito
aquém do que o exercício do amor contempla. E acabamos por fazer o mesmo...
Temos um tesouro tão rico dentro
de nós, e oferecemos migalhas aos outros. E isto por estarmos voltados demais
para nós mesmos... Por outro lado, podíamos pedir, e porque não até exigir o
melhor dos outros? Mas ficamos acomodados, não satisfeitos, mas acomodados
mesmo com o pouco que recebemos, sem exigir mais... E este exigir não é uma ação impositiva, agressiva, mas um recusar calmo daquilo que não seja o melhor.
Não estamos sabendo ofertar e
também não sabemos pedir... Precisamos entender que o amor não é exercício de
troca, mas de oferecimento extremo do melhor que há em mim, de forma tão
pungente e tão pujante, que desperte no outro o mesmo sentimento de oferecer o
melhor de si: isto é reciprocidade. Deus nos ama intensamente, e por isso exige
de nós uma resposta a altura.
Amar é um exercício complexo, que
exige muito. Só quem é digno, só quem é integro, só quem entende o valor da
dignidade humana está em condição de amar verdadeiramente. Deveríamos
tomar
duas atitudes em relação ao amor: amar intensamente, e exigir o melhor do outro
como resposta positiva ao seu ato de amor, provocando uma espiral ascendente de
crescimento mútuo. Pense nisto.