Em maio de 1997 fiz minha inscrição no grupo Vigilantes do Peso. Na época eu pesava bem mais do que deveria com meus 1,72 de altura e com 25 anos de idade. O peso me incomodava, a forma me incomodava... Quatro meses depois eu já havia emagrecido 20 quilos. Cheguei a incrivel marca (para mim era realmente incrível) de 67 quilos. Ganhei uma medalha, um chaveiro, aplausos... Estava livre do peso!!!
Bom, mas ainda hoje luto contra o peso. Ele vai e volta. Na realidade, a verdadeira luta não é contra os quilos que se acumulam a cada visita à balança. A luta verdadeira é contra o hábito. Luto contra a estabilidade, contra fazer as mesmas coisas que sempre faço. Se não mudar, vou viver um eterno efeito sanfona: esticando e encolhendo...
Nos Vigilantes, todas as semanas ouvíamos palestras de motivação. Devo reconhecer que nossa orientadora, Andrea Fafinni, era muito inspirada. Ela mesmo vivenciou uma batalha contra a balança. Mas me lembro de uma palestra, em especial, onde ela disse que comíamos pra nos livrar das tristezas, das frustrações. Naquele dia, discordei. Eu comia porque gostava de comer. Se alegre, comia para festejar. Se ganhava, comia pra comemorar. Se estava intediado, comia para matar tempo. Se estava triste, comia pra me alegra. Se estava derrotado ou magoado, comia pra esquecer. E se estava com fome, aí é que comia mesmo! Tudo era motivo pra comer...
Você, por acaso, insiste em fazer algumas coisas que sabe que produzem resultados ruins? Alimentamos nossa mente com alguns pensamentos que só fazem aumentar o peso, não é mesmo? Em alguns momentos chego a pensar que gosto de estar infeliz. Se você, algumas vezes, pensa como eu, se entrega a pensamentos derrotistas também. O problema é quando começamos a ter estes pensamentos continuamente. Não apenas quando somos derrotados, e não somente quando estamos frustrados. Se ganhamos, achamos que foi sorte. Se estamos felizes, pensamos que vai durar pouco. Se estamos com amigos, achamos que eles não nos conhecem de verdade. Se pensamos no que não realizamos, pensamos que somos mesmo fadados a não realizar... Tudo é motivo para aumentar o peso. É um hábito.
E é um hábito mortal. Aprendemos o tempo todo que devemos ser felizes, que devemos pensar positivamente, e sempre ouvimos discursos motivadores. Alimentamos esperança e fazemos comparações com outros, pensando que se eles conseguem nós também conseguiremos. Mas sempre existe um porém... Sempre existe uma área onde não conseguimos nos sentir plenos. Ainda nos valendo da metáfora com os Vigilantes do Peso, sempre aparece um bom pedaço de torta na geladeira, um cheiro irresistível de churrasco, uma sobremesa que alguém insiste em oferecer... Tentações que atiçam o nosso "gostar" de lamentar e lamuriar...
Pensando DE UMA OUTRA FORMA, é preciso parar de gostar daquilo que nos faz mal. E porque o mal parece tão fascinante? Porque parece tão necessário? Talvez nos sentir mal nos torne mais leves. Talvez nos sentir mal nos faça descansar da luta constante que o sucesso exige. Talvez admitir que somos patéticos, incapazes, errados e debilitados faça com que outros olhem pra nós com mais simpatia... Talvez nós gostemos de nos sentir assim...
Uma das frases que eu mais gostava nas palestras da Andrea, minha orientadora dos Vigilantes, está até hoje na minha memória. Tento aplicá-la todos os dias, em muitas situações. Ela não é uma frase mágica que me garante o sucesso e que me livra de momentos ruins e situações de tristeza, mas serve bem para orientar os pensamentos. Esta frase está intimamente ligada ao programa dos Vigilantes do Peso, mas serve pra todos os outros tipos de peso que carregamos na vida, na alma e no coração. Andrea dizia, pra todos nós, que "O PREÇO DO SUCESSO É A ETERNA VIGILÂNCIA".
Vigiai e orai... Jesus também nos aconselha o mesmo na Bíblia. Talvez devessemos seguir estes conselhos, pra aliviar nossa vida dos pesos desnecessários que nos incapacitam e nos deixam acostumados e acomodados a infelicidade. Pense nisto.